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Informações da Prova Questões por Disciplina TRE - Mato Grosso - Analista Judiciário - Administrativa - CESPE - UnB - 2010 - Prova Objetiva

Compreensão e Interpretação de Textos

A noção de etnocídio

1      Na cultura ocidental, a sociedade, em todos os níveis, é
       sempre pensada com base nas relações de governo, ou seja, sob o
       pressuposto de um corpo social dividido entre uma elite que governa
4      e uma massa que é governada. Desde a Grécia Clássica, o ocidente
       sempre tomou a divisão social entre governantes e governados como
       essência da sociedade. A divisão e a desigualdade fariam parte da
7      estrutura ontológica de qualquer sociedade e a dominação política
       lhe seria consubstancial. Era assim que os europeus que aqui
       passaram ou se estabeleceram, nos séculos XVI, XVII e XVIII,
10     significavam a sociedade. Para eles, a ausência de uma máquina
       governamental e mesmo a ausência de um princípio de governo nas
       sociedades indígenas despontavam como uma diferença notável em
13     relação ao que concebiam como sociedade organizada. Como
       interpretar a alteridade organizacional que se apresentava diante de
       olhos obnubilados pelo princípio da divisão? Ou aceitavam que a
16     divisão não era inerente à sociedade e passavam a desconfiar de suas
       lentes e a desnaturalizar seu ponto de vista, ou decidiam que um
       agrupamento indiviso, com chefe que não manda e povo que não
19     obedece, não pode ser uma sociedade. Logicamente, foi a segunda
       interpretação que vingou.

Maria Inês P. Cox. A noção de etnocídio: para pensar a questão do silenciamento das línguas indígenas no Brasil.

In: Polifonia, v. 12, n.º 1. Cuiabá: EdFMT, 2006, p. 70-1 (com adaptações).

1 -

Ao explicitar a circunstância expressa por “Na cultura ocidental” (L.1), a autora exclui da caracterização de sociedade que descreve:

a)

a divisão “entre uma elite que governa e uma massa que é governada” (L.3-4).

b)

a tradição herdada da “Grécia Clássica” (L.4).

c)

a “divisão e a desigualdade” (L.6) consubstanciadas na “dominação política” (L.7).

d)

as “sociedades indígenas” (L.12) que apresentam “alteridade organizacional” (L.14).

e)

o “princípio da divisão” (L.15) como algo inerente à “máquina governamental” (L.10-11).

2 -

Assinale a opção correta a respeito das estruturas linguísticas e da organização das ideias do texto:

a)

O uso da estrutura sintática de voz passiva em “é sempre pensada” (L.1-2) indica que o verbo pensar está sendo usado com as mesmas relações sintáticas estabelecidas pela acepção usada em pensamos sobre a sociedade.

b)

Na linha 2, a expressão “ou seja” marca, na organização do texto, mudança da direção argumentativa, fazendo uma ressalva acerca de um argumento que, mesmo que abrangente, não se aplica “sempre”.

c)

O uso do futuro do pretérito em “fariam” (L.6) e “seria” (L.8) indica que as características associadas a esses verbos constituem conceitos que a autora do texto não pretende que sejam tomados como seus.

d)

Na linha 16, apesar de a presença da preposição depois de “inerente” e de “passavam” ser exigida, respectivamente, pelo adjetivo e pelo verbo, o sinal indicativo de crase presente em “à sociedade” poderia também ser usado em “a desconfiar”.

e)

Como a vírgula depois de “obedece” (L.19) é de uso opcional, sua retirada não provocaria erro gramatical nem alteraria as ideias expressas no período em que ocorre.

3 -

Apesar da alteração nas relações de sentido, preservam-se a coerência entre os argumentos e a correção gramatical do texto ao se substituir:

a)

“de um” (L.3) por que um.

b)

“lhe seria” (L.8) por seria-lhe.

c)

“Era assim” (L.8) por Assim.

d)

“concebiam” (L.13) por se concebia.

e)

“pode” (L.19) por possa.

Coesão e Coerência

A colonização do futuro

			1 		É preciso partir da vida. Mas não vida em geral, e sim da vida
				hoje, no contexto contemporâneo, frente a duas tendências contrapostas
				que nos obrigam a repensar esse termo tão antigo e a cada dia mais
			4 	invocado. A primeira dessas tendências pode ser formulada como
				segue: o poder tomou de assalto a vida. Isto é, o poder penetrou todas
				as esferas da existência, e as mobilizou, e as pôs para trabalhar em
			7 	proveito próprio. Desde os genes, o corpo, a afetividade, o psiquismo,
				até a inteligência, a imaginação, a criatividade, tudo isso foi violado
				e invadido, imobilizado e colonizado, quando não diretamente
			10 	expropriado pelos poderes. Os poderes operam de maneira imanente —
				não mais de fora nem de cima, mas como que por dentro, incorporando,
				integralizando, monitorando, investindo de maneira antecipatória até
			13 	mesmo os possíveis que se vão engendrando, colonizando o futuro.
				É onde intervém o segundo eixo que eu gostaria de evocar. Resumo este
				eixo da seguinte maneira: quando parece que “está tudo dominado”, no
			16 	extremo da linha se insinua uma reviravolta que ressignifica a própria
				dominação. Aquilo que parecia submetido, subsumido, controlado,
				dominado, “a vida”, revela no processo mesmo de expropriação sua
			19 	positividade indomável e primeira. As forças vivas presentes na rede
				social deixam assim de ser reservas passivas à mercê de um monstro
				insaciável, para se tornarem positividade imanente e expansiva que os
			22 	poderes se esforçam em regular, modular ou controlar.

Peter Pál Pelbart. A colonização do futuro. In: Filosofia Especial, ano II, n.º 8, p. 47-8 (com adaptações).

4 -

Assinale a opção correta a respeito das relações de coesão do texto:

a)

A expressão “esse termo” (L.3) retoma a ideia anteriormente expressa por “contexto” (L.2), que terá suas características contemporâneas explicitadas no período final do texto, iniciado por “As forças vivas” (L.19).

b)

Os termos “A primeira dessas tendências” (L.4) e “o segundo eixo” (L.14) retomam a ideia de “duas tendências contrapostas” (L.2), que são, respectivamente, resumidas por o poder toma de assalto a vida e uma reviravolta ressignifica a dominação.

c)

O termo “tudo isso” (L.8) resume e retoma a argumentação desde o início do texto, e sua presença reforça a ideia de que é “preciso partir da vida” (L.1).

d)

O desenvolvimento do texto permite subentender que a expressão “forças vivas” (L.19) constitui uma outra forma de se referir a “poderes” (L.10).

e)

O pronome “Aquilo” (L.17) desempenha, na construção da textualidade, a função de retomar as ideias que compõem “o segundo eixo” (L.14).

Língua Portuguesa
5 -

Infere-se da argumentação do texto que

I. pensar a “vida hoje” (L.1-2) significa considerar sua relação com o poder, que tenta regulá-la e controlá-la.

II. as “esferas da existência” (L.6) tomadas pelo “poder” (L.5) transformamse em “poderes” (L.10) que passam a monitorar e colonizar o futuro.

III. o poder não é apenas um “monstro insaciável” (L.20-21) porque a própria vida se torna positividade que lhe opõe resistência.

Assinale a opção correta:

a)

Apenas o item I está certo.

b)

Apenas o item II está certo.

c)

Apenas o item III está certo.

d)

Apenas os itens I e III estão certos.

e)

Apenas os itens II e III estão certos.

Correção Gramatical
6 -

A coerência e a correção gramatical do texto serão preservadas caso se proceda:

a)

à inserção do sinal indicativo de crase em “a duas” (L.2).

b)

à substituição do sinal de dois-pontos depois de “segue” (L.5) e depois de “maneira” (L.15) por vírgulas.

c)

à retirada do pronome “se” do trecho “se insinua uma reviravolta” (L.16).

d)

à inserção do pronome se com o verbo “revela” (L.18), escrevendo revela-se ou se revela.

e)

à substituição de “tornarem” (L.21) por tornar.

Estruturas Linguísticas
7 -
1                      Criatividade e inovação já não são encaradas
2                      como desafios do futuro, mas como imperativos do
3                      presente. A crescente complexidade do cenário
4                      mundial, os problemas socioeconômicos a serem
5                      resolvidos, o impressionante desenvolvimento da
6                      tecnologia, as incertezas do futuro são alguns dos
7                      fatores que justificam a valorização crescente da
8                      criatividade e da inovação no momento atual. Sem
9                      dúvida, a meu ver, a importância da criatividade e de
10                     seu desenvolvimento não repousa apenas no que ela
11                     significa socialmente, mas também pelo que significa
12                     para o bem-estar pessoal e para o desenvolvimento dos
13                     indivíduos, dos grupos e das organizações.

Albertina M. Martinez. Criatividade e saúde nos indivíduos e nas organizações.

In: Ângela M. R. Virgolim (Org.). Talento criativo. Ed. UnB, 2007, p. 53 (com adaptações).

Julgue o(s) seguinte(s) item(ns), a respeito do uso das estruturas linguísticas na organização das ideias do texto.

I. A omissão do advérbio “já” (L.1) manteria a coerência entre os argumentos, mas não permitiria inferir que, no passado, “Criatividade e inovação” (L.1) foram consideradas “desafios do futuro” (L.2) .

II. A presença da estrutura verbal “a serem resolvidos” (L.4-5) marca uma situação futura que, se omitida, provocaria alteração nas relações de sentido, mas não tornaria a argumentação incoerente.

III. A retirada da oração “são alguns dos fatores” (L.6-7) tornaria o texto mais formal e não prejudicaria sua argumentação, desde que o verbo “justificam” (L.7) fosse flexionado no singular.

IV. O desenvolvimento das ideias permite também usar o verbo “repousa” (L.10) flexionado no plural, sem prejudicar a correção gramatical do texto.

Estão certo(s) apenas o(s) item(ns):

a)

I e II.

b)

I e III.

c)

I e IV.

d)

II e III.

e)

III e IV.

Compreensão e Interpretação de Textos

Idem, ibidem.

1                           O enfoque histórico-cultural do desenvolvimento
2                           humano considera que os processos psicológicos
3                           especificamente humanos se formam e se desenvolvem em
4                           função das condições sociais da vida, especificamente com
5                           base nas inter-relações que o indivíduo estabelece com os
6                           outros seres sociais e com os objetos produzidos culturalmente.
7                           Nessa perspectiva, a subjetividade, como segmento do real
8                           caracterizado por processos complexos de significação e de
9                           sentido, vai-se construindo e desenvolvendo em função dessa
10                          intrincada rede de interações. É um processo complexo, no
11                          qual o social (em seu sentido mais amplo) participa da
12                          construção de um segmento de um real qualitativamente
13                          diferente (o subjetivo) e este, por sua vez, participa da
14                          transformação dos elementos que lhe deram origem.

Idem, ibidem.

8 -

Assinale a opção correta acerca do texto:

a)

O “desenvolvimento humano” (L.1-2), por ser de natureza histórico-cultural, deve ser explicado nessa perspectiva, o que exclui outros enfoques.

b)

O termo “Nessa perspectiva” (L.7) restringe, na argumentação, a interpretação dos “processos psicológicos” (L.2), considerados propriedade especificamente dos humanos.

c)

Na linha 10, o adjetivo “intrincada” se aplica a “rede de interações” porque esta se constitui na complexidade do plano psicológico.

d)

Por inserirem informações adicionais que explicam termos anteriores, as expressões usadas entre parênteses, nas linhas 11 e 13, poderiam, também, vir expressas entre vírgulas.

e)

O pronome “este” (L.13) retoma, no desenvolvimento do texto, a ideia de “processo complexo” (R.10), para torná-lo agente de novas transformações.

Língua Portuguesa
9 -

Assinale a opção correta a respeito do uso das estruturas linguísticas no texto:

a)

O uso do singular em “desenvolvimento humano” (L.1-2) determina a flexão de singular em “considera” (L.2).

b)

Na linha 3, para evitar-se a redundância do uso do pronome “se”, pode-se retirar o primeiro deles, antes de “formam”, deixando-o apenas subentendido.

c)

A flexão de masculino no termo “caracterizado” (L.8) remete a “segmento do real” (L.7); por isso, sua flexão no feminino provocaria incoerência e erro gramatical no texto.

d)

Na linha 10, a forma verbal “É” concorda com “um processo complexo” e tem função coesiva ao deixar subentendida a referência a “subjetividade” (L.7).

e)

O pronome “lhe” (L.14) estabelece uma relação de causa e consequência entre “origem” (L.14) e “intrincada rede de interações” (L.10), de tal maneira que sua substituição por à ela preservaria a correção e a coerência textuais.

10 -

O TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO ESTADO DE MATO GROSSO, no uso de sua autonomia administrativa e no exercício das atribuições que lhe são conferidas pelo art. 00, da Lei n.º 4.000/2006, e pelo art. 99, VII e VIII, do Regimento Interno e, Considerando a necessidade de aprimorar o funcionamento da Escola de Eleitores; Considerando o que ficou decidido na sessão plenária ordinária do dia 30/2/2008, devidamente registrada na Ata de n.º 8.888; RESOLVE: Art. 1.º O artigo 3.º da Resolução TRE/MT n.º 000, de 31/4/2006, passa a vigorar com a seguinte redação:

Para que o trecho da resolução fictícia acima respeite as normas de redação de documentos oficiais, é necessário:

a)

inserir a data da resolução logo após o número, escrevendo-se, por exemplo, RESOLUÇÃO N.o 000/2009, de 2 de novembro de 2009.

b)

substituir o verbo da ementa, flexionando-o na terceira pessoa do singular, escrevendo-se: Altera o artigo 4.º da Resolução TRE/MT n.º 500/03.

c)

retirar o pronome de “lhe são conferidas”, para que sejam respeitadas as regras gramaticais do padrão culto da língua.

d)

substituir as letras maiúsculas, em “Lei”, “Considerando” e “Ata”, por minúsculas.

e)

dar continuidade à estrutura sintática de “RESOLVE”, iniciando o artigo pelo pronome que, da seguinte forma: Art. 1.º que o artigo terceiro da Resolução (...).

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