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Informações da Prova Questões por Disciplina CEFET-RJ - Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - Psicólogo - CESGRANRIO - 2014 - Prova Objetiva

Língua Portuguesa

Quase memória

                      O dia: 28 de novembro de 1995. A hora: aproxi-
            madamente vinte, talvez quinze para a uma da tarde. 
            O local: a recepção do Hotel Novo Mundo, aqui ao 
            lado, no Flamengo.
5           Acabara de almoçar com minha secretária e al-
            guns amigos, descêramos a escada em curva que
            leva do restaurante ao hall da recepção. Pelo menos
            uma ou duas vezes por semana cumpro esse itine-
            rário e, pelo que me lembre, nada de especial me 
10          acontece nessa hora e nesse lugar. É, em todos os 
            sentidos, uma passagem.
                      Não cheguei a ouvir o meu nome. Foi a se-
            cretária que me avisou: um dos porteiros, de cabelos

            brancos, óculos de aros grossos, queria falar comigo. 
15          E sabia o meu nome — — eu que nunca fora hóspede 
            do hotel, apenas um frequentador mais ou menos re-
            gular do restaurante que é aberto a todos.
            Aproximei-me do balcão, duvidando que real-
            mente me tivessem chamado. Ainda mais pelo nome:
20          não haveria uma hipótese passável para que soubes-
            sem seu nome.
                      — Sim...
                      O porteiro tirou os óculos, abriu uma gaveta em-
            baixo do balcão e de lá retirou o embrulho, que pare-
25          cia um envelope médio, gordo, amarrado por barban-
            te ordinário.
                      — Um hóspede esteve aqui no último fim de se-
            mana, perguntou se nós o conhecíamos, pediu que
            lhe entregássemos este envelope ...
30                    — Sim ... sim ...
                      Eu não sabia se examinava o envelope ou a cara 
            do porteiro. Nada fizera para que ele soubesse meu 
            nome, para que pudesse dizer a alguém que me co-
            nhecia. O fato de duas ou três vezes por semana eu 
35          almoçar no restaurante do hotel não lhe daria esse 
            direito. [...]
                      Passou-me o envelope, que era, à primeira vista 
            e ao primeiro contato, aquilo que eu desconfiava: os
            originais de um livro, contos, romance ou poesias, tal-
40          vez história ou ensaio.
                      — Está certo ... não terei de agradecer... a menos 
            que o nome e o endereço do interessado estejam...
                      Foi então que olhei bem o embrulho. A princípio 
            apenas suspeitei. E ficaria na suspeita se não hou-
45          vesse certeza. Uma das faces estava subscritada, 
            meu nome em letras grandes e a informação logo 
            embaixo, sublinhada pelo traço inconfundível: "Para
            o jornalista Carlos Heitor Cony. Em mão”.
                      Era a letra do meu pai. A letra e o modo. Tudo no 
50          embrulho o revelava, inteiro, total. Só ele faria aque-
            las dobras no papel, só ele daria aquele nó no bar-

            bante ordinário, só ele escreveria meu nome daquela 
            maneira, acrescentando a função que também fora a
            sua. Sobretudo, só ele destacaria o fato de alguém 
55          ter se prestado a me trazer aquele embrulho. Ele de-
            testava o correio normal, mas se alguém o avisava 
            que ia a algum lugar, logo encontrava um motivo para 
            mandar alguma coisa a alguém por intermédio do 
            portador. [...]
60                    Recente, feito e amarrado há pouco, tudo no en-
            velope o revelava: ele, o pai inteiro, com suas manias 
            e cheiros.
            Apenas uma coisa não fazia sentido. Estáva-
            mos — como já disse — em novembro de 1995. E o 
65          pai morrera, aos noventa e um anos, no dia 14 de 
            janeiro de 1985. 

CONY, C. H. Quase Memória: quase-romance. São Paulo:

Companhia das Letras. 2001. p. 9-11.

1 -

O extrato do texto que justifica a afirmativa do autor “É, em todos os sentidos, uma passagem.” (L. 10-11) é

a)

“O dia: 28 de novembro de 1995.” (L. 1)

b) “A hora: aproximadamente vinte, talvez quinze para a uma da tarde” (L. 1-2)
c)

“O local: a recepção do Hotel Novo Mundo, aqui ao lado, no Flamengo.” (L. 3-4)

d)

“descêramos a escada em curva que leva do restaurante ao hall” (L. 6-7)

e)

“Pelo menos uma ou duas vezes por semana cumpro esse itinerário” (L. 7-9)

2 -

A palavra que substitui passável no trecho “hipótese passável” (L. 20), mantendo o mesmo sentido, é

a)

medíocre

b)

moderado

c)

razoável

d)

sofrível

e)

incontestável

3 -

O Texto apresenta duas partes distintas, sendo a primeira a apresentação do narrador no contexto espaço-temporal da trama e a segunda, as considerações e desconfianças em relação ao embrulho.

O trecho que marca a mudança é:

a) “Não cheguei a ouvir o meu nome” (L. 12)
b) “Aproximei-me do balcão, duvidando que realmente me tivessem chamado.” (L. 18-19)
c) “— Um hóspede esteve aqui no último fim de semana, perguntou se nós o conhecíamos, pediu que lhe entregássemos este envelope” (L. 27-29)
d)

“Foi então que olhei bem o embrulho.” (L. 43)

e) “Recente, feito e amarrado há pouco, tudo no envelope o revelava” (L. 60-61)
4 -

Quando o narrador diz “A princípio apenas suspeitei” (L. 43-44), essa suspeita é a de que o

a)

pacote fora embrulhado pelo pai dele.

b)

destinatário do embrulho fosse ele próprio.

c)

envelope continha os originais de uma obra escrita.

d)

emissor deveria ter, mais tarde, seu agradecimento.

e)

remetente só poderia ser um jornalista, já que enviara originais.

5 -

A informação contida no trecho “só ele destacaria o fato de alguém ter se prestado a me trazer aquele embrulho” (L. 54-55) é corroborada por que passagem?

a) “Está certo” (L. 41)
b)

“Uma das faces estava subscritada” (L. 45)

c)

“Para o jornalista Carlos Heitor Cony” (L. 47-48)

d)

“Em mão” (L. 48)

e)

“Recente, feito e amarrado há pouco” (L. 60)

6 -

O período em que o vocábulo logo apresenta a mesma classe do destacado em “Ele detestava o correio normal, mas se alguém o avisava que ia a algum lugar, logo encontrava um motivo para mandar alguma coisa a alguém” (L. 55-58) é:

a)

Não tive pressa em abrir o pacote, logo não estava muito curioso em relação a seu conteúdo.

b)

logo mais tarde, sozinho em minha sala, comecei a celebrar a cerimônia estranha, absurda e, pela lógica, das coisas ilógicas, que era receber aquele presente.

c)

Afastei papéis, embuti o teclado do micro no seu estojo, limpei toda a mesa para pôr o embrulho; logo, eu estava tratando o pacote com cuidado.

d)

Depois de passado o susto, já que o pai tinha aquele seu jeito de dar o nó, concluí que, logo, o pacote só podia vir dele.

e)

Escrevi uma carta ao pai contando-lhe dos últimos acontecimentos, mas ele não respondeu; logo, não se importou com as notícias.

7 -

O acento indicativo de crase está usado de acordo com a norma-padrão em:

a)

O pai não gostava de que à ceia fosse feita antes das dez horas da noite.

b)

À bem dizer, o pai era um sujeito bastante esquisito.

c)

Às famílias desprovidas de recursos na vizinhança, o pai sempre dava um presente.

d)

Daqui à duas horas, tentarei começar o ritual de abrir o pacote para desvendar o segredo.

e)

O nome da estrada era Arca porque à região, entre Itaipava e Teresópolis, era assim conhecida.

8 -

Considerem-se os tempos verbais empregados no trecho “não haveria uma hipótese passável para que soubessem meu nome” (. 20-21).

A oração em destaque pode ser reescrita, mantendo-se a conjugação verbal de acordo com a norma-padrão, assim:

a)

para que intervissem nos negócios.

b)

para que propossem um novo plano.

c)

para que reouvessem a correspondência.

d)

para que requisessem as fichas.

e)

para que revessem os procedimentos.

9 -

Em qual trecho a vírgula pode ser retirada mantendo-se os preceitos às regras de pontuação da norma-padrão?

a)

“e alguns amigos, descêramos a escada” (L. 5-6) 

b)

“Aproximei-me do balcão, duvidando” (L. 18) 

c)

“O porteiro tirou os óculos, abriu uma gaveta” (L. 23)

d)

“os originais de um livro, contos” (L. 38-39)

e)

“Recente, feito e amarrado” (L. 60)

10 -

A concordância nominal está de acordo com a norma-padrão na seguinte frase:

a)

Anexo ao pacote, encontrei várias cartas antigas.

b)

O porteiro tirou os óculos e o colocou sobre a mesa.

c)

A secretária e eu terminamos o almoço meio-dia e meio.

d)

Leio qualquer manuscritos que me cheguem às mãos.

e)

Formulei hipóteses o mais improváveis possível sobre o caso.

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