Prefeitura Municipal - Resende - RJ - Médico - Cardiologia - CONSULPLAN - 2010 - Prova Objetiva
Reflexões sobre a Vaidade dos Homens
Nascem os homens iguais; um mesmo, e igual princípio os anima, os conserva, e também os debilita, e acaba. Somos organizados pela mesma forma, e por isso estamos sujeitos às mesmas paixões, e às mesmas vaidades. Para todos nasce o Sol; a Aurora a todos desperta para o trabalho; o silêncio da noite, anuncia a todos o descanso. O tempo que insensivelmente corre, e se distribui em anos, meses e horas, para todos se compõe do mesmo número de instantes. Essa transparente região a todos abraça; todos acham nos elementos um patrimônio comum, livre, e indefectível; todos respiram o ar; a todos sustenta a terra; as qualidades da água, e do fogo, a todos se comunicam.
(Reflexões sobre a Vaidade dos Homens por Matias Aires)
O primeiro período do texto “Nascem os homens iguais; um mesmo, e igual princípio os anima, os conserva, e também os debilita, e acaba.” cria condições para:
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a)
Uma comparação entre os homens que mostram ânimo, disposição e os que tornam-se facilmente debilitados. |
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b)
Uma conclusão partindo do princípio que provoca ânimo e ao mesmo tempo debilitação no ser humano. |
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c)
Uma atmosfera afetiva que trata da igualdade entre os homens. |
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d)
Um contraste entre o ânimo e a debilitação, o nascer e o acabar. |
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e)
Uma explicação para o nascimento de todos os homens. |
Analise as afirmativas, referentes às ideias apresentadas no texto:
I. A organização da vida dos homens dá-se de forma igual, porém a sujeição às paixões e às vaidades variam de indivíduo para indivíduo.
II. Os elementos: Sol, Aurora e Noite indicam um plano temporal cíclico, comum a todo homem.
III. O texto disserta de maneira clara sobre um tema comum, pertencente ao cotidiano de todo ser humano.
Estão corretas apenas as afirmativas:
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a)
I, II |
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b)
I, III |
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c)
II, III |
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d)
III |
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e)
I, II, III |
Com referência à coesão e ideias textuais, assinale a alternativa correta:
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a)
Em “e igual princípio os anima, os conserva”, os dois registros da partícula “os” sublinhada têm o mesmo referente textual. |
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b)
“Somos organizados pela mesma forma”, no trecho anterior o termo “pela” pode ser substituído sem prejuízo do sentido original por “para a”. |
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c)
A expressão “por isso” no segundo período do texto indica a introdução de uma causa em referência à afirmativa anterior. |
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d)
O emprego dos verbos na primeira pessoa do plural “Somos” e “estamos” indica que o texto se caracteriza pelo tratamento objetivo e possui um caráter de relato impessoal. |
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e)
“todos respiram o ar; a todos sustenta a terra”, no trecho anterior, é possível manter coesão e coerência textuais acrescentando a partícula “a” antes do primeiro “todos”. |
Istoé
Dentre as muitas coisas intrigantes, poucas há tão misteriosas quanto o tempo. A ironia é que mal nos damos conta disso. Estando desde o nascimento submetidos a uma mesma noção de tempo, aceita por todos à nossa volta, tendemos a achar que ela é a única que corresponde à realidade. Causa um grande choque saber que outras culturas têm formas diferentes de perceber o tempo e de representar o curso da história. Ainda assim, acreditamos que elas estão erradas e nós, certos. Ledo engano.
(SEVCENKO, Nicolau. Istoé, Edição especial: Vida digital, 1999. / com adaptações)
Assinale a alternativa em que a reescrita do período em destaque mantém-se coerente sem alterar o sentido do texto: “Estando desde o nascimento submetidos a uma mesma noção de tempo, aceita por todos à nossa volta, tendemos a achar que ela é a única que corresponde à realidade.”
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a)
Quando desde o nascimento somos submetidos à mesma noção de tempo, aceita-se que todos à nossa volta tendem a achar que ela é a única que corresponde à realidade. |
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b)
A noção de tempo a que fomos submetidos desde o nascimento é a única que corresponde à realidade. |
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c)
A tendência em acharmos que a nossa realidade é a única aceita por todos à nossa volta está vinculada à noção de tempo. |
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d)
Tendemos a achar que a noção de tempo, aceita por todos à nossa volta e a que estamos submetidos desde o nascimento, seja a única que corresponde à realidade. |
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e)
Estamos desde o nascimento submetidos a uma mesma noção de tempo, aceita para todos à nossa volta, mas tendemos a achar que ela é a única que corresponde à realidade. |
O uso da expressão “ledo engano” no contexto em que foi usada, denota:
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a)
Presunçoso engano. |
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b)
Engano óbvio. |
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c)
Terrível engano. |
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d)
Triste engano. |
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e)
Engano pueril. |
O cajueiro
O cajueiro já devia ser velho quando nasci. Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância, belo, imenso, no alto do morro, atrás de casa. Agora vem uma carta dizendo que ele caiu.
Eu me lembro de outro cajueiro que era menor e morreu há muito mais tempo. Eu me lembro dos pés de pinha, do cajá-manga, da pequena touceira de espadas-de-são-jorge e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça de toda a meninada do bairro porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo de gude. Lembro-me da tamareira, e de tantos arbustos e folhagens coloridas, lembro-me da parreira que cobria o caramanchão, e dos canteiros de flores humildes, beijos, violetas. Tudo sumira, mas o grande pé de fruta-pão ao lado da casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como árvores sagradas protegendo a família. Cada menino que ia crescendo ia aprendendo o jeito de seu tronco, a cica de seu fruto, o lugar melhor para apoiar o pé e subir pelo cajueiro acima, ver de lá o telhado das casas do outro lado e os morros além, sentir o leve balanceio na brisa da tarde.
No último verão ainda o vi; estava como sempre carregado de frutos amarelos, trêmulo de sanhaços. Chovera; mas assim mesmo fiz questão de que Caribé subisse o morro para vê-lo de perto, como quem apresenta a um amigo de outras terras um parente muito querido.
A carta de minha irmã mais moça diz que ele caiu numa tarde de ventania, num fragor tremendo pela ribanceira abaixo, e caiu meio de lado, como se não quisesse quebrar o telhado de nossa velha casa. Diz que passou o dia abatida, pensando em nossa mãe, em nosso pai, em nossos irmãos que já morreram. Diz que seus filhos pequenos se assustaram; mas depois foram brincar nos galhos tombados.
Foi agora, em setembro. Estava carregado de flores.
(Rubem Braga, Cem crônicas escolhidas, Rio, José Olímpio, 1956, pp. 320-22)
A respeito da introdução do texto, referente ao 1.º parágrafo, é correto afirmar que:
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a)
A ideia-núcleo apresentada refere-se à queda do cajueiro. |
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b)
A referência ao cajueiro “velho, belo e imenso” cria um contraste em relação a uma atmosfera afetiva. |
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c)
O uso de determinantes como “velho” e “belo” para o cajueiro demonstra o antagonismo emocional vivido pelo narrador personagem. |
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d)
A infância remota não pode ser considerada como um tema ou ideia secundária, já que o narrador refere-se a ela como “antigas recordações”, sem influências no presente. |
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e)
A queda e morte do cajueiro constituem consequências das características anteriores de “velho, belo e imenso”. |
“Tudo sumira, mas o grande pé de fruta-pão ao lado da casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como árvores sagradas protegendo a família.” São apresentadas as ideias secundárias presentes no período em destaque:
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a)
Submissão, saudosismo e preservação ambiental. |
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b)
Ruína, abandono, solidão e afinidade afetiva. |
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c)
Pessimismo, contrariedade e regionalismo. |
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d)
Revolta, apego aos bens materiais e preservação ambiental. |
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e)
Indiferença, regionalismo e religiosidade. |
Há uma infinidade de metáforas constituídas por palavras que denotam ações, atitudes ou sentimentos próprios do homem, mas aplicadas a seres ou coisas inanimadas. Tal recurso ocorre no trecho a seguir:
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a)
“O cajueiro já devia ser velho quando nasci.” |
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b)
“Eu me lembro de outro cajueiro que era menor” |
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c)
“Cada menino que ia crescendo ia aprendendo o jeito de seu tronco” |
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d)
“estava como sempre carregado de frutos amarelos” |
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e)
“como se não quisesse quebrar o telhado de nossa velha casa.” |
Com referência às características textuais, é correto afirmar que o texto apresenta:
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a)
A ideia principal através de fatos ou acontecimentos. |
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b)
O desenvolvimento textual através de argumentos e uma sucessão de fatos. |
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c)
Dados objetivos através da discussão da ideia principal. |
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d)
Explanação e argumentação dos fatos. |
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e)
Um relato imparcial acerca dos fatos mencionados. |
Quanto à situação dos fatos narrados no texto, o tempo é apresentado da seguinte forma:
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a)
Um único plano temporal em que o autor descreve a queda do cajueiro. |
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b)
Dois planos temporais: o atual e o remoto ou passado. |
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c)
Três planos temporais: o atual, a queda do cajueiro e o passado. |
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d)
Dois planos temporais: o atual e a queda do cajueiro. |
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e)
Um único plano temporal em que o autor descreve a sua infância. |