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Informações da Prova Questões por Disciplina Defensoria Pública do Estado - São Paulo - Oficial de Defensoria Pública - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2010 - Prova Objetiva

Interpretação de Textos

Andrea Kauffman

O heroísmo é um dos últimos enigmas do comportamento humano. Quando se trata de entendê-lo por meio de explicações racionais, é tão incompreensível quanto sua gêmea maligna, a brutalidade.

Os psicopatas são mais transparentes do que os heróis. Pelo menos já descobrimos o que os torna perigosos: sua incapacidade de sentir qualquer empatia pelos outros. Já o heroísmo extremo é de difícil explicação científica. Trata-se de um impulso ilógico que desafia a biologia, a psicologia e o bom senso. Charles Darwin tinha dificuldades em explicar a ideia de se expor para salvar a vida de um estranho. "Aquele disposto a sacrificar a sua vida, como muitos selvagens o fazem, em vez de trair seus companheiros, frequentemente não deixa descendentes para herdar sua nobre natureza", observou ele, que consequentemente não conseguia encaixar o heroísmo na teoria da sobrevivência do mais forte.

Morrer pelos próprios filhos? Perfeitamente lógico. De acordo com Darwin, nossa única razão de existir é passar nossos genes para a próxima geração. Mas, e morrer pelos outros? Contraproducente. Afinal, não importa quantos heróis fossem gerados, bastaria uma besta egoísta atleticamente sexual para minar toda a linhagem heroica. Os filhos dos egoístas se multiplicariam, enquanto os filhos dos super-heróis que seguissem o exemplo do superpai se sacrificariam até à extinção. Não é difícil de entender por que o comportamento heroico é raro.

Então, se todas as forças evolutivas e consequências desvantajosas conspiram contra o heroísmo, por que tal comportamento existe? Segundo o biólogo Lee Dugatkin, o heroísmo, uma forma de altruísmo, provavelmente data da época em que vivíamos em tribos nômades, onde as pessoas tinham entre si alguma conexão familiar. Ao praticar um ato heroico, elas estariam salvando uma parte de seu material genético.

Estamos cercados de situações que banalizam o mal. Segundo Hannah Arendt, teórica política alemã, a brutalidade é disseminada. Gostamos de pensar que a linha entre o bem e o mal é impermeável, que as pessoas que cometem atrocidades estão no lado mau, nós no lado bom, e que jamais cruzaremos a fronteira. Para banalizar o bem, entretanto, precisamos construir circunstâncias contrárias àquelas que insidiosamente nos corrompem: uma sociedade detentora de sistemas que permitam a contestação, a crítica e a verdade. Quem sabe assim não precisaremos de super-heróis para garantir direitos básicos de cidadania.

(Andrea Kauffmann Zeh, O Estado de S. Paulo, Aliás, J7, 21 de junho de 2009, com adaptações)

1 -

Justifica-se a primeira afirmativa do texto porque

a)

as hipóteses que tentam explicar a agressividade de algumas pessoas ficam comprometidas pela ocorrência de atos de heroísmo.

b)

o sacrifício de uma vida é sempre um exemplo notável, do ponto de vista da sobrevivência da espécie.

c)

as razões que levam as pessoas a praticarem atos de heroísmo que colocam a vida em risco são de difícil explicação.

d)

a percepção da banalização do mal nas sociedades modernas leva a atos de heroísmo mais constantes.

e)

a oposição entre atos de heroísmo e as ações marcadas por brutalidade é insignificante para justificar certas atitudes humanas.

2 -

O texto permite afirmar, corretamente, que

a)

somente a ciência é capaz de oferecer explicações para os atos de heroísmo.

b)

a linha que separa os conceitos de bem e de mal é tênue e quase imperceptível.

c)

heróis são capazes, por vezes, de agir com lógica e discernimento em seu grupo social.

d)

poucas vezes os descendentes de heróis tentam reproduzir o exemplo dado por estes.

e)

a herança deixada por psicopatas a seus descendentes é muito semelhante à dos heróis.

3 -

Conclui-se corretamente do texto que

a)

o altruísmo nas sociedades modernas decorre da tentativa de manutenção dos laços familiares originados em núcleos tribais.

b)

as explicações científicas são insuficientes para identificar indivíduos potencialmente perigosos para a sociedade.

c)

aqueles que se dispõem a comportamentos extremos, seja para o bem, seja para o mal, se identificam com os mais fortes no grupo social.

d)

a existência de atos de heroísmo numa sociedade moderna não condiz com a própria história da evolução da humanidade.

e)

a prática de ações benéficas nas sociedades contemporâneas deve impor-se à força que impele os indivíduos ao mal.

4 -

Em relação ao 3.º parágrafo, está INCORRETO o que se afirma em:

a)

Identifica-se opinião pessoal em Perfeitamente e Contraproducente.

b)

Percebe-se intenção irônica no uso das palavras super-heróis e superpai.

c)

O emprego de multiplicariam e sacrificariam denota possibilidade remota num tempo futuro, condicionada a determinada situação anterior.

d)

Não há respostas possíveis e lógicas para o fato de alguém se sacrificar por pessoas desconhecidas, ou seja, pelos outros.

e)

O desenvolvimento leva à conclusão coerente de que o comportamento heroico é raro.

5 -

O assunto do texto está sintetizado em:

a)

Heroísmo é atitude sem explicação lógica quando analisado sob a ótica dos impulsos do comportamento humano.

b)

O heroísmo extremo é geralmente confundido com a brutalidade manifestada por psicopatas.

c)

Heróis e psicopatas apresentam habitualmente o mesmo tipo de comportamento num mundo incompreensível.

d)

Charles Darwin falhou em suas explicações para o comportamento heroico apresentado por certas pessoas.

e)

A sobrevivência da espécie humana só é explicada pelo comportamento heroico de certos indivíduos.

6 -

O segmento entre aspas no 2.º parágrafo constitui

a)

repetição desnecessária de um mesmo assunto já abordado.

b)

enumeração de fatos condizentes com o assunto tratado.

c)

reprodução exata do pensamento de um cientista.

d)

resumo do assunto abordado no parágrafo.

e)

afirmativa de sentido oposto ao que vem sendo desenvolvido.

Concordância Nominal e Verbal
7 -

Substituindo-se os segmentos grifados pelas expressões entre parênteses subsequentes, o verbo deverá permanecer no singular em:

a)

O heroísmo (Atos de heroísmo) é um dos últimos enigmas do comportamento humano.

b)

... já descobrimos o (as razões) que os torna perigosos.

c)

o heroísmo extremo (os heroísmos extremos) é de difícil explicação científica.

d)

Trata-se de um impulso ilógico (impulsos ilógicos).

e)

... por que o comportamento heroico (os comportamentos heroicos) é raro.

Interpretação de Textos
8 -

... uma sociedade detentora de sistemas que permitam a contestação, a crítica e a verdade. (último parágrafo)

O emprego da forma verbal grifada acima denota, no contexto,

a)

possibilidade de realização de um fato.

b)

certeza imediata a respeito de uma ação real.

c)

dúvida plausível acerca da realização de um fato.

d)

ação prevista em um futuro imediato.

e)

fato realizado em um tempo indefinido.

Diogo Schelp

A memória ajuda a definir quem somos. Na verdade, nada é mais essencial para a identidade de uma pessoa do que o conjunto de experiências armazenadas em sua mente. E a facilidade com que ela acessa esse arquivo é vital para que possa interpretar o que está à sua volta e tomar decisões. Cada vez que a memória decai, e conforme a idade isso ocorre em maior ou menor grau, perde-se um pouco da interação com o mundo. Mas a ciência vem avançando no conhecimento dos mecanismos da memória e de como fazer para preservá-la.

Pesquisas recentes permitem vislumbrar o dia em que será uma realidade a manipulação da mente humana. Isso já está sendo feito em animais. Cientistas brasileiros e americanos demonstraram ser possível apagar, em laboratório, certas lembranças adquiridas por cobaias. Tudo indica que as mesmas técnicas podem ser usadas também para conseguir o efeito inverso: ampliar a capacidade de reter fatos e experiências na mente. Há pouco tempo pesquisadores da Universidade da Califórnia detalharam como as proteínas estão relacionadas ao surgimento de novas lembranças nos neurônios e à modificação das já existentes.

Como ocorreu com o DNA no século passado, os códigos fisiológicos que regulam a memória estão sendo decifrados. A neurociência é um campo tão promissor que, nos Estados Unidos, nada menos que um quinto do financiamento em pesquisas médicas do governo federal vai para as tentativas de compreender os mecanismos do cérebro. Os estudos sobre a memória têm um lugar destacado nesse esforço científico. Afinal de contas, mantê-la em perfeito funcionamento tornou-se uma preocupação central nas sociedades modernas, em que dois fenômenos a desafiam: o primeiro é a exposição a uma carga excessiva de informações, que o cérebro precisa processar, selecionar e, se relevantes, reter para uso futuro; o segundo é o aumento da expectativa de vida, que se traduz numa população mais vulnerável a distúrbios associados à perda de memória.

Um dos caminhos investigados pelos cientistas para deter as degenerações que resultam em perda mnemônica é induzir a produção de novos neurônios – a neurogênese. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que as células do cérebro não se regeneravam. Esse mito foi derrubado e hoje se sabe que em algumas estruturas cerebrais o nascimento de células nervosas é um fenômeno comum. O experimento indica que, se os cientistas conseguirem estimular de maneira controlada a neurogênese, poderão aplicar essa técnica tanto para compensar a morte de células causada por uma doença degenerativa como, em tese, para melhorar a capacidade de memorização de uma pessoa saudável. Esse será, certamente, um dia inesquecível.

(Diogo Schelp. Veja. 13 de janeiro de 2010, pp. 79-87, com adaptações)

9 -

Esse será, certamente, um dia inesquecível. (final do texto)

Pressupõe-se corretamente da afirmativa acima

a)

uma contradição intencional com o assunto que foi desenvolvido em todo o texto

b)

o uso intencional do adjetivo, por sua correlação de sentido com o assunto abordado no texto

c)

uma crítica velada a procedimentos científicos, de certa forma invasivos, de manipulação da memória de pessoas.

d)

a conclusão pessimista das dificuldades apontadas em relação às pesquisas sobre a memória humana.

e)

a aceitação total de que é cada vez mais difícil descobrir as razões que levam à perda de memória.

10 -

Considerando-se o 2.º parágrafo do texto, é INCORRETO afirmar-se que:

a)

Os dois-pontos introduzem um segmento explicativo da expressão imediatamente anterior a eles.

b)

A expressão as mesmas técnicas refere-se às técnicas usadas por cientistas brasileiros e americanos para apagar registros na memória de cobaias.

c)

O pronome demonstrativo Isso substitui, no contexto, a expressão uma realidade.

d)

O trecho grifado em demonstraram ser possível apagar poderia ser substituído por que é possível apagar.

e)

O substantivo capacidade exige um complemento expresso pelo segmento de reter fatos e experiências na mente.

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