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Informações da Prova Questões por Disciplina TRT - 20.ª Região - Analista Judiciário - Apoio Técnico-Especializado - Odontologia - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2011 - Prova Objetiva

Interpretação de Textos

[Entre falar e escrever]

Antigamente os professores de ginásio* ensinavam a escrever mandando fazer redações que puxavam insensivelmente para a grandiloquência, o preciosismo ou a banalidade: descrever uma floresta, uma tempestade, o estouro da boiada; comentar os males causados pelo fumo, o jogo, a bebida; dizer o que pensa da pátria, da guerra, da bandeira. Bem ou mal, íamos aprendendo, sobretudo porque naquele tempo os professores tinham tempo para corrigir os exercícios escritos (o meu chegava a devolver os nossos com igual número de páginas de observações e comentários a tinta vermelha; que Deus o tenha no céu dos bons gramáticos). Mas o efeito podia ser duvidoso. Lembre-se por analogia o começo do romance S. Bernardo, de Graciliano Ramos. O rústico fazendeiro Paulo Honório quer contar a própria vida, mas sendo homem sem instrução, imagina um método prático: contaria os fatos ao jornalista local e este redigiria. No entanto... Leiamos: 

O resultado foi um desastre. Quinze dias depois do nosso primeiro encontro, o redator do jornal apresentou-me dois capítulos datilografados, tão cheios de besteiras que me zanguei: − Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota! Há lá ninguém que fale dessa forma! 

O jornalista observa então que “um artista não pode escrever como fala”, e ante o espanto de Paulo Honório, explica:

− Foi assim que sempre se fez. A literatura é literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.

Então Paulo Honório põe mãos à obra do seu jeito, “escreve como fala” e resulta o romance S. Bernardo, um clássico de Graciliano Ramos.

(Adaptado de Antonio Candido, O albatroz e o chinês)

* Ginásio: antiga denominação de período escolar, que hoje corresponde às quatro últimas séries do ensino fundamental.

1 -

O autor do texto deixa ver que seus professores no ginásio acabavam valorizando, numa redação,

a)

formas concisas de expressão e ousada inventividade linguística.

b)

ostentação retórica e correta abordagem de temas educativos e cívicos.

c)

valores morais edificantes e expressões em nível bastante coloquial.

d)

rigorosa correção ortográfica e originalidade na condução de temas polêmicos.

e)

o cultivo do pensamento autocrítico e discrição quanto ao estilo praticado.

2 -

Ao lembrar que o efeito podia ser duvidoso, o autor do texto está aventando a hipótese de que, nas redações,

a)

as banalidades decorriam do fato de os alunos não terem aceitado as orientações dos professores.

b)

alguns fracassos originavam-se do fato de que os temas eram por demais complexos para a faixa etária dos alunos.

c)

expressavam-se muitas dúvidas quanto a ser mais desejável a grandiloquência do que o despojamento da linguagem.

d)

nem sempre era muito positivo o saldo final das atividades exercidas pelos mestres e pelos alunos.

e)

o que parecia ser um defeito ou uma impropriedade era, na verdade, o resultado de um excessivo domínio da língua.

3 -

Atente para as seguintes afirmações:

I. Os dois trechos citados de S. Bernardo ilustram posições antagônicas quanto a atributos que devem marcar a linguagem literária.

II. A linguagem do primeiro trecho citado de S. Bernardo não satisfaz os requisitos preciosistas impostos pelos antigos professores de ginásio.

III. Deduz-se que o jornalista Gondim é um adepto da linguagem direta e simples, havendo mostrado um estilo "pernóstico" apenas para atender o gosto pessoal de Paulo Honório.

Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em

a)

I.

b)

II.

c)

III.

d)

I e II.

e)

II e III.

4 -

Considerando-se o contexto, indica-se corretamente o sentido assumido por um elemento do texto em:

a)

Lembre-se por analogia = volte-se por contraste

b)

puxavam insensivelmente = tendiam imperceptivel- mente

c)

acanalhou o troço = subestimou nosso estilo

d)

arranjar palavras com tinta = passar a limpo um texto

e)

põe mãos à obra do seu jeito = tenciona compor convencionalmente

Concordância Nominal e Verbal
5 -

As normas de concordância verbal estão plenamente atendidas na frase:

a)

Interessava aos antigos professores de português suscitar nos alunos o gosto pelos efeitos de retórica nas redações.

b)

A nenhum dos professores do ginásio ocorreriam imaginar que a linguagem falada pode ser um registro de alto valor estético.

c)

Nos dois trechos citados de Graciliano Ramos encontram-se elementos da linguagem falada a que não faltam vivacidade.

d)

O autor faz votos de que aos bons gramáticos se reservem, por justas razões, acomodação privilegiada no céu.

e)

Graças às convicções de que Graciliano não abriam mão, acabou produzindo uma obra-prima em estilo seco e incisivo.

6 -

Paulo Honório (querer) contar a própria vida, mas, julgando que não o (conseguir), (pedir) ao jornalista Gondim que o (fazer.)

Os verbos indicados entre parênteses estarão adequadamente correlacionados na frase acima caso se flexionem nas seguintes formas:

a)

quisera - conseguirá - pedisse - faria

b)

queria - conseguiria - pediu - fizesse

c)

queria - conseguisse - pedia - faça

d)

quis - consegue - pede - fizesse

e)

quis - conseguiu - pediu - faça

Vozes do Verbo
7 -

A transposição para a voz ativa da frase Foi assim que sempre se fez a literatura tem como resultado:

a)

Sempre foi assim que a literatura fez.

b)

Assim é que sempre foi feita a literatura.

c)

Terá sido feito sempre assim, a literatura.

d)

Foi sempre assim que a literatura tem feito.

e)

Foi assim que sempre fizeram a literatura.

Interpretação de Textos
8 -

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre texto:

a)

Muita gente imagina que literatura é aonde se escreve como se fala, embora hajam autores que consigam fazê-lo com arte.

b)

O gosto literário dos antigos professores de português não sucitava qualquer dúvida quanto ao brilho da retórica exagerada.

c)

A formulação mesma dos temas de redação era um indubitável encaminhamento do aluno para o estilo grandiloquente.

d)

A linguagem rude de Paulo Honório não desestimulou-lhe de escrever um romance que se notabilizaria como literário.

e)

Embora Graciliano Ramos ache mais preferível uma linguagem concisa do que a empolada, ele é um escritor bastante culto.

Pontuação
9 -

Está inteiramente adequada a pontuação da seguinte frase:

a)

Para o gosto moderno, a grandiloquência não surge ao contrário de outras épocas, como prova de gosto refinado, na verdade a pompa retórica indicia, o vazio do pensamento.

b)

Para o gosto moderno, a grandiloquência, não surge, ao contrário de outras épocas como prova de gosto refinado, na verdade a pompa retórica indicia: o vazio do pensamento.

c)

Para o gosto moderno, a grandiloquência não surge, ao contrário de outras épocas, como prova de gosto refinado; na verdade, a pompa retórica indicia o vazio do pensamento

d)

Para o gosto moderno, a grandiloquência não surge, ao contrário de outras épocas como prova de gosto refinado, na verdade, a pompa retórica indicia o vazio do pensamento.

e)

Para o gosto, moderno, a grandiloquência, não surge, ao contrário de outras épocas, como prova de gosto refinado: na verdade a pompa retórica indicia o vazio do pensamento.

Ortografia e Semântica
10 -

Está correto o emprego do elemento sublinhado na frase:

a)

Não deu certo o tal do método prático em cuja eficiência Paulo Honório chegou a acreditar.

b)

Para o jornalista, a criação da língua literária requer uma técnica sofisticada em que nenhum escritor pode abdicar.

c)

Quando Paulo Honório leu os dois capítulos datilografados, sentiu neles um artificialismo verbal de que jamais toleraria.

d)

Se literatura fosse um arranjo de palavras difíceis, os dicionaristas fariam poemas de cujo brilho ninguém superaria.

e)

A linguagem com que Paulo Honório de fato aspirava era simples, direta, e não uma coleção de figuras retóricas.

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