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Informações da Prova Questões por Disciplina TSE - Tribunal Superior Eleitoral - Analista Judiciário - Apoio Técnico-Especializado - Engenharia Mecânica - CONSULPLAN - 2012 - Prova Objetiva

Compreensão e Interpretação de Textos

Texto I


01        A tradição teológica e filosófica nunca conseguiu
          explicar o “mistério da iniquidade”, a existência do mal
          como potência do desejo e da ação humanas.
          Ora, a corrupção é o mal do nosso tempo.
05        Curiosamente, ela aparece como uma nova regra de
          conduta, uma contraditória “moral imoral”. Da
          governalidade aos atos cotidianos, o mundo da vida no
          qual ética e moral se cindiram há muito tempo
          transformou-se na sempre saqueável terra de ninguém.
10        Como toda moral, a corrupção é rígida. Daí a
          impossibilidade do seu combate por meios comuns, seja
          o direito, seja a polícia. Do contrário, meio mundo
          estaria na prisão. A mesma polícia que combate o
          narcotráfico nas favelas das grandes cidades poderia
15        ocupar o Congresso e outros espaços do governo onde
          a corrupção é a regra.
          Mas o problema é que a força da corrupção é a do
          costume, é a da “moral”, aquela mesma do malandro
          que age “na moral”, que é “cheio de moral”. Ela é muito
20        mais forte do que a delicada reflexão ética que
          envolveria a autonomia de cada sujeito agente. E que só
          surgiria pela educação política que buscasse um
          pensamento reflexivo.
          O sistema da corrupção é composto de um jogo de
25        forças do qual uma das mais importantes é a “força do
          sentido”. É ela que faz perguntar, por exemplo, “como é
          possível que um policial pobre se negue a aceitar
          dinheiro para agir ilegalmente?”
          O simples fato de que essa pergunta seja colocada
30        implica o pressuposto de que uma verdade ética tal
          como a honestidade foi transvalorada. Isso significa que
          foi também desvalorizada.
          Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar,
          mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na
35        contramão do dever, é porque no sistema da corrupção
          o valor da honestidade, que garantiria ao sujeito a sua
          autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro.
          Mas não somente. Aquele que age na direção da lei
          como que age contra a moral caracterizada pelo “fazer
40        como a grande maioria”, levando em conta que no
          âmbito da corrupção se entende que o que a maioria
          quer é “dinheiro”.
          Verdade é que a ação em nome de um universal
          por si só caracteriza qualquer moral. É por meio dela
45        que se faz o cálculo do “sentido” no qual, fora da
          vantagem que define a regra, o sujeito honesto se
          transfigura imediatamente em otário.
          Se a moral é medida em dinheiro, não entregar-se a
          ele poderá parecer um luxo. Mas um contraditório luxo
50        de pobre, já que a questão da honestidade não se
          coloca para os ricos, para quem tal valor parece de
          antemão assegurado.
          Daí que jamais se louve nos noticiários a
          honestidade de alguém que não se enquadra no
55        estereótipo do “pobre”. Honesto é sempre o pobre
          elevado a cidadão exótico. Na verdade, por meio desse
          gesto o pobre é colocado à prova pelo sistema. Afinal
          ele teria tudo para ser corrupto, ou seja, teria todo o
          motivo para sê-lo. Mas teria também todo o perdão?
60        O cidadão exótico – pobre e honesto – que deixa de
          agir na direção de uma vantagem pessoal como que
          estaria perdoado por antecipação ao agir imoralmente
          sendo pobre, mas não está. A frase de Brecht seria sua
          jurisprudência mais básica: “O que é roubar um banco
65        comparado a fundar um?”
          Ora, sabemos que essa “moral imoral” tem sempre
          dois pesos e duas medidas, diferentes para ricos e
          pobres. No vão que as separa vem à tona a
          incompreensibilidade diante do mistério da
70        honestidade. De categoria ética, ela desce ao posto de
          irrespondível problema metafísico.
          Pois quem terá hoje a coragem de perguntar como
          alguém se torna o que é quando a subjetividade, a
          individualidade e a biografia já não valem nada e
75        sentimos apenas o miasma que exala da vala comum
          das celebridades da qual o cidadão pode se salvar
          apenas alcançando o posto de um herói exótico,
          máscara do otário da vez?

(Marcia Tiburi. Cult, dezembro de 2011)

1 -

Acerca dos sentidos produzidos pelo texto, analise as afirmativas a seguir.

I. Ser honesto, sendo pobre, significaria agir na contramão das expectativas.

II. Aos pobres, a imoralidade é perdoada.

III. Fugir à moral do "fazer como a grande maioria" significaria ser otário.

Assinale

Resolução da Equipe Tecnolegis:

A Banca justifica a manutenção do gabarito, ao examinar recurso em relação a esta questão, da seguinte maneira:

Análise: "II - Aos pobres, a imoralidade é perdoada. Afirmativa incorreta."

1. Linha 53/55: “Daí que jamais se louve nos noticiários a honestidade de alguém que não se enquadra no estereótipo do pobre”. No trecho em destaque não há comprovação que a imoralidade, aos pobres, é perdoada.

2. Linha 58/59: “teria tudo para ser corrupto, ou seja, todo o motivo para sê-lo”. O fato de ter o motivo não comprova o perdão à corrupção.

3. O cidadão exótico – pobre e honesto – que deixa de agir na direção de uma vantagem pessoal como que estaria perdoado por antecipação ao agir imoralmente sendo pobre, mas não está.

Os 3 (quatro) tópicos supracitados permitem afirmar, de maneira clara, que a assertiva II é INCORRETA.

a)

se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.

b)

se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.

c)

se todas as afirmativas estiverem corretas.

d)

se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.

Língua Portuguesa
2 -

Aquele que age na direção da lei como que age contra a moral caracterizada pelo "fazer como a grande maioria", levando em conta que no âmbito da corrupção se entende que o que a maioria quer é "dinheiro". (L. 38-42) A respeito do período anterior, analise as afirmativas a seguir.

I. O período apresenta orações coordenadas e subordinadas.

II. Há ocorrência de exemplo de oração reduzida.

III. Há ocorrência de exemplo de oração subordinada substantiva objetiva direta.

Assinale

a)

se todas as afirmativas estiverem corretas.

b)

se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.

c)

se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.

d)

se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.

Sintaxe da Oração e do Período
3 -

Assinale o termo que, no texto, desempenhe função sintática idêntica à de incompreensibilidade (L. 69).

a)

a regra (L. 16)

b)

vão (L. 68)

c)

cálculo (L. 45)

d)

Honesto (L. 55)

Pronomes: Emprego, Formas de Tratamento e Colocação
4 -

Assinale a palavra que, no texto, NÃO exerça papel pronominal.

Resolução da Equipe Tecnolegis:

A Banca justifica a manutenção do gabarito, ao examinar recurso em relação a esta questão, da seguinte maneira:

“Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar, mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na...” “qualquer” usado depois de um substantivo, com artigo indefinido, antes deste, adquire valor adjetival pejorativo.

“...o mundo da vida no qual ética e moral se cindiram há muito tempo...” “muito”, neste caso, exerce função pronominal já que: trata-se de pronome indefinido antecedendo o substantivo, expressa quantidade e/ou qualidade indefinidas. “há muito tempo” denota que a quantidade de tempo está indefinida. Para que “muito” exerça” função adverbial de intensidade deverá ser determinante de adjetivo significando extremamente ou exageradamente ( muito rico, muito pobre), determinante do verbo significando excessivamente, demais ( bebeu muito, doeu muito) ou determinante de outro advérbio ( muito cedo, muito perto), o que não ocorre no trecho destacado.

“A mesma polícia que combate o narcotráfico nas favelas das grandes cidades poderia ocupar o Congresso e outros espaços do governo onde a corrupção é a regra.” “onde” pode exercer a função de advérbio interrogativo de lugar. Pode aparecer tanto nas orações interrogativas diretas quanto nas indiretas, o que não é o caso. No período em destaque, o pronome “onde” se relaciona com o termo antecedente “o Congresso e outros espaços do governo”.“Onde” é empregado como pronome relativo, aquele que se relaciona com um termo antecedente, dando início a uma oração, chamada adjetiva.

Fontes: DICIONÁRIO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUES. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. P. 1327, 1584.

SACCONI, Luiz Antonio. Nossa Gramática, Teoria e Prática. São Paulo: Atual, 1994. p. 183, 253.

a)

onde (L. 15)

b)

muito (L. 8)

c)

qualquer (L. 34)

d)

outros (L. 15)

Conjunção
5 -

Verdade é que (1) a ação em nome de um universal por si só caracteriza qualquer moral. É por meio dela que (2) se faz o cálculo do "sentido" no qual, fora da vantagem que (3) define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário. (L. 43-47) A respeito das ocorrências do QUE no período anterior, é correto afirmar que se trata de conjunção em

a)

(1), apenas.

b)

(3), apenas.

c)

todas.

d)

(2), apenas.

Ortografia e Semântica
6 -

No texto, ocorre aproximação semântica entre termos que, em outro contexto, não guardariam entre si relação de sinonímia. Assinale a alternativa em que, no texto, os termos NÃO guardem relação semântica de igualdade ou contiguidade. ,

a)

corrupção (l. 4) -– regra (l. 5)

b)

mal (l. 2) -– potência (l. 3)

c)

honesto (l. 46) -– otário (l. 47)

d)

moral (l. 18) -– ética (l. 20)

Gramática e Semântica
7 -

Assinale a alternativa em que a alteração estrutural de um trecho do texto NÃO tenha provocado inadequação de ordem gramatical ou discursiva nem alteração semântica.

a)

Se a moral é medida em dinheiro, não entregar-se a ele poderá parecer um luxo. (L. 48-49) / Se a moral em dinheiro é medida, poderá parecer um luxo não se entregar a ele.

Resolução da Equipe Tecnolegis:

O sujeito de “é medida em dinheiro” é “a moral” nas duas versões do trecho em destaque. O que ocorre é que em “Se a moral em dinheiro é medida”, os elementos não estão na ordem direta, a expressão “em dinheiro” foi apenas deslocada. Esta, portanto, é a alternativa correta.

b)

Mas teria também todo o perdão? (l. 59) / Mas teria também todo perdão?

Resolução da Equipe Tecnolegis:

O artigo tem a função de determinar o substantivo, a sua omissão resulta em mudança semântica generalizando-o.

c)

O simples fato de que essa pergunta seja colocada implica o pressuposto de que uma verdade ética tal como a honestidade foi transvalorada. (l. 29-31) / O simples fato que essa pergunta seja colocada implica no pressuposto que uma verdade ética tal como a honestidade foi transvalorada.

Resolução da Equipe Tecnolegis:

A omissão da preposição “de” é feita indevidamente. Fato: ação ou coisa feita, ocorrida ou em processo de realização, ex.: fato de conversar.

d)

É por meio dela que se faz o cálculo do “sentido” no qual, fora da vantagem que define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário. (l. 44-47) / É através dela que faz-se o cálculo do “sentido” onde, fora da vantagem que define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário.

Resolução da Equipe Tecnolegis:

O “que” é um fator de próclise (pronome substantivo).

Língua Portuguesa
8 -

Assinale a alternativa em que o elemento destacado NÃO tenha o mesmo sentido que o de trans-, em transvalorada (L. 31)

Resolução da Equipe Tecnolegis:

A Banca justifica a manutenção do gabarito, ao examinar recurso em relação a esta questão, da seguinte maneira:

transvalorada = a honestidade foi transvalorada. O prefixo latino tras- (e variações: tres-, trans-) possui como significado: movimento ou posição para além de, através de, ou mudança de estado. Desta forma, o vocábulo “transvalorada” possui no contexto o sentido de que a honestidade teve uma extrapolação quanto ao seu valor, foi além daquele valor original.

A) transbordar: o mesmo prefixo e significado estão em transbordar.

B) trasantontem: dia que precedeu o de anteontem. tras + anteontem. (extrapolou ontem,)

C) tresnoitar: passar a noite, ou grande parte dela, sem dormir, tirar o sono a , não deixar dormir. tres + noite + -ar ( “ir além” da noite, ficar em claro)

D) trastejar: ganhar a vida negociando trastes ou coisas pouco valiosas,cuidar de móveis e utensílios da casa, vigiar, controlar, verificar o andamento dos serviços do lar, vagar de um lado para outro, agir mal, sair da linha, colocar trastos em instrumento, esfregar as cordas do violão contra os trastos.

Etimologia: traste ou trasto + -ejar.

Portanto, “trastejar” não possui o prefixo trans ( ou variações) .

Fontes: DICIONÁRIO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUES. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. P. 1872, 1877.

PASQUALE E ULISSES. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo, Scipione: 2008. p.84.

 

a)

transbordar

b)

trasantontem

c)

tresnoitar

d)

trastejar

Ortografia e Semântica
9 -

A palavra jurisprudência (L. 64), no texto, assume o sentido de

a)

"conjunto das decisões e interpretações das leis".

b)

"modelo de pensar".

c)

"desculpa".

d)

"argumento jurídico".

Pontuação
10 -

Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar, mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque no sistema da corrupção o valor da honestidade, que garantiria ao sujeito a sua autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro. (L. 33-37) Assinale a alternativa que apresente pontuação para o trecho anterior igualmente correta.

Resolução da Equipe Tecnolegis:

A Banca justifica a manutenção do gabarito, ao examinar recurso em relação a esta questão, sob o seguinte fundamento:

A) Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar – mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque – no sistema da corrupção –, o valor da honestidade, que garantiria ao sujeito a sua autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

GABARITO: D) Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar – mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever –, é porque, no sistema da corrupção, o valor da honestidade – que garantiria ao sujeito a sua autonomia – foi substituído pela vantagem do dinheiro.
 
O travessão substitui com vantagem a vírgula, pois imprime maior força expressiva à palavra, expressão ou frase que ele separa. A vírgula deve ser usada para separar termos ou orações que, deslocados, quebram uma sequência sintática. Após “dever” omitiu-se o travessão na opção A.
 
C) Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar, mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque, no sistema da corrupção, o valor da honestidade – que garantiria ao sujeito a sua autonomia –, foi substituído pela vantagem do dinheiro.
 
A vírgula antes de “foi” na opção C foi usada indevidamente, os travessões têm a função de separar a oração “que garantiria ao sujeito a sua autonomia”, desta forma ao usar a vírgula antes de “foi” há uma incorreção separando-se sujeito e predicado.
 
Fonte: SACCONI, Luiz Antonio. Nossa Gramática, Teoria e Prática. São Paulo: Atual, 1994. p. 458, 467
a)

Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar –- mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque -– no sistema da corrupção -–, o valor da honestidade, que garantiria ao sujeito a sua autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

b)

Se a conduta de praxe seria não, apenas, aceitar, mas exigir dinheiro, em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque no sistema da corrupção, o valor da honestidade, que garantiria -– ao sujeito -– a sua autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

c)

Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar, mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque, no sistema da corrupção, o valor da honestidade -– que garantiria ao sujeito a sua autonomia -–, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

d)

Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar -– mas exigir dinheiro em troca de uma ação qualquer na contramão do dever -–, é porque, no sistema da corrupção, o valor da honestidade –- que garantiria ao sujeito a sua autonomia -– foi substituído pela vantagem do dinheiro.

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