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Informações da Prova Questões por Disciplina Tribunal Regional Federal - 2.ª Região - Analista Judiciário - Apoio Técnico-Especializado - Biblioteconomia - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2012 - Prova Objetiva

Interpretação de Textos

Divagação sobre as ilhas

Minha ilha (e só de a imaginar já me considero seu habitante) ficará no justo ponto de latitude e longitude que, pondo-me a coberto de ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-los diuturnamente. Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bom viver: uma fuga relativa, e uma não muito estouvada confraternização.

E por que nos seduz a ilha? As composições de sombra e luz, o esmalte da relva, a cristalinidade dos regatos − tudo isso existe fora das ilhas, não é privilégio delas. A mesma solidão existe, com diferentes pressões, nos mais diversos locais, inclusive os de população densa, em terra firme e longa. Resta ainda o argumento da felicidade − “aqui eu não sou feliz”, declara o poeta, para enaltecer, pelo contraste, a sua Pasárgada, mas será que se procura realmente nas ilhas a ocasião de ser feliz, ou um modo de sê-lo? E só se alcançaria tal mercê, de índole extremamente subjetiva, no regaço de uma ilha, e não igualmente em terra comum?

Quando penso em comprar uma ilha, nenhuma dessas excelências me seduz mais do que as outras, nem todas juntas constituem a razão do meu desejo. A ideia de fuga tem sido alvo de crítica severa e indiscriminada nos últimos anos, como se fosse ignominioso, por exemplo, fugir de um perigo, de um sofrimento, de uma caceteação. Como se devesse o homem consumir-se numa fogueira perene, sem carinho para com as partes cândidas ou pueris dele mesmo. Chega-se a um ponto em que convém fugir menos da malignidade dos homens do que da sua bondade incandescente. Por bondade abstrata nos tornamos atrozes. E o pensamento de salvar o mundo é dos que acarretam as mais copiosas e inúteis carnificinas.

A ilha é, afinal de contas, o refúgio último da liberdade, que em toda parte se busca destruir. Amemos a ilha.

(Adaptado de Carlos Drummond de Andrade, Passeios na ilha)

1 -

Em suas divagações sobre as ilhas, o autor vê nelas, sobretudo, a positividade de

a)

um espaço ideal, cujas características naturais o tornam uma espécie de reduto ecológico, que faz esquecer os artifícios urbanos.

b)

um repouso do espírito, de vez que não é possível usufruir os benefícios do insulamento em meio a lugares povoados.

c)

um sucesso pessoal, a ser obtido pela paz de espírito e pela concentração intelectual que somente o pleno isolamento garante.

d)

uma libertação possível, pois até mesmo os bons homens acabam por tolher a prática salvadora da verdadeira liberdade.

e)

uma solidão indispensável, pois a felicidade surge apenas quando conseguimos nos distanciar dos nossos semelhantes.

2 -

Atente para as seguintes afirmações:

I. A expressão fuga relativa, referida no 1.º parágrafo, diz respeito ao equilíbrio que o autor considera desejável entre a conveniente distância e a conveniente aproximação, a se preservar no relacionamento com os semelhantes.

II. No 2.º parágrafo, todas as razões aventadas para explicar a irresistível sedução de uma ilha são consideradas essenciais, não havendo como entender essa atração sem se recorrer a elas.

III. No 3.º parágrafo, o autor se vale de amarga ironia quando afirma que o exercício da liberdade pessoal, benigno em si mesmo, é a causa da falta de liberdade dos povos que mais lutam por ela.

Em relação ao texto está correto SOMENTE o que se afirma em

a)

I.

b)

II.

c)

III.

d)

I e II.

e)

II e III.

3 -

Quando afirma, no início do 3.º parágrafo, que nenhuma dessas excelências me seduz mais do que as outras, o autor deprecia, precisamente, estes clássicos atributos das ilhas:

a)

a hostilidade agreste, a solidão plena e a definitiva renúncia à solidariedade.

b)

a poesia do mundo natural, o exclusivo espaço da solidão e a realização do ideal de felicidade.

c)

a monotonia da natureza, o conforto da relativa solidão e a surpresa da felicidade.

d)

a sedução mágica da paisagem, a valorização do espírito e a relativização da felicidade.

e)

a fuga da vida urbana, a exaltação da bondade e o encontro da liberdade verdadeira.

4 -

Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:

a)

pondo-me a coberto de (1.º parágrafo) = recobrindo-me com

b)

estouvada confraternização (1.º parágrafo) = insensível comunhão

c)

se alcançaria tal mercê (2.º parágrafo) = se granjearia essa graça

d)

crítica severa e indiscriminada (3.º parágrafo) = análise séria e circunstanciada

e)

acarretam as mais copiosas e inúteis carnificinas (3.º parágrafo) = induzem as exemplares mortalidades

Emprego dos tempos e modos verbais
5 -

Quando penso em comprar uma ilha, nenhuma dessas excelências me seduz mais do que as outras, nem todas juntas constituem a razão do meu desejo.

Estará adequada a nova correlação entre os tempos e os modos verbais caso se substituam os elementos sublinhados da frase acima, na ordem dada, por:

a)

Se eu vier a pensar - seduziria - constituíam

b)

Quando eu ficava pensando - seduzira - constituiriam

c)

Se eu vier a pensar - terá seduzido - viriam a constituir

d)

Quando eu pensava - houvesse de seduzir - tinham constituído

e)

Se eu viesse a pensar - seduziria - constituiriam

Concordância Nominal e Verbal
6 -

As normas de concordância verbal estão plenamente observadas na frase:

a)

Evitem-se, sempre que possível, qualquer excesso no convívio humano: nem proximidade por demais estreita, nem distância exagerada.

b)

Os vários atrativos de que dispõem a vida nas ilhas não são, segundo o cronista, exclusividade delas.

c)

Cabem aos poetas imaginar espaços mágicos nos quais realizemos nossos desejos, como a Pasárgada de Manuel Bandeira.

d)

Muita gente haveriam de levar para uma ilha os mesmos vícios a que se houvesse rendido nos atropelos da vida urbana.

e)

A poucas pessoas conviria trocar a rotina dos shoppings pela serenidade absoluta de uma pequena ilha.

Compreensão e Interpretação de Textos
7 -

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o autor dessa crônica:

a)

O poeta Drummond escreveu num poema o verso "Ilhas perdem o homem", o que significa estar contraditório com o que especula diante das ilhas neste seu outro texto.

b)

"Ilhas perdem o homem" - asseverou Drummond num poema seu, manifestando sentimento bem diverso do que expõe nessa crônica de Passeios na ilha.

c)

Ao contrário do que defende na crônica, há um poema de Drummond cujo o verso "Ilhas perdem o homem" redunda num paradoxo diante da mesma.

d)

Paradoxal, o poeta Drummond é autor de um verso ("Ilhas perdem o homem") de flagrante contraste ao que persigna numa crônica de Passeios na ilha.

e)

Se nessa crônica Drummond enaltece o ilhamento, num poema o verso "Ilhas perdem o homem" se compraz ao agrupamento, não à solidão humana.

Vozes do Verbo
8 -

Atentando-se para a voz verbal, é correto afirmar que em

a)

Por bondade abstrata nos tornamos atrozes ocorre um caso de voz passiva.

b)

A ideia de fuga tem sido alvo de crítica severa o elemento sublinhado é agente da passiva.

c)

Amemos a ilha a transposição para a voz passiva resultará na forma verbal seja amada.

d)

E por que nos seduz a ilha? não há possibilidade de transposição para a voz passiva.

e)

tudo isso existe fora das ilhas a transposição para a voz passiva resultará na forma verbal tem existido.

Pontuação
9 -

A pontuação está plenamente adequada na frase:

a)

O cronista, diante da possibilidade de habitar uma ilha, enumera uma série de argumentos que, a princípio, desqualificariam as supostas vantagens de um insulamento, mas, ao fim e ao cabo, convence-se de que está na ilha a última chance de desfrutarmos nossa liberdade.

b)

O cronista diante da possibilidade, de habitar uma ilha, enumera uma série de argumentos, que a princípio desqualificariam as supostas vantagens de um insulamento, mas ao fim e ao cabo, convence-se de que está na ilha a última chance de desfrutarmos nossa liberdade.

c)

O cronista diante da possibilidade de habitar uma ilha enumera uma série de argumentos, que a princípio, desqualificariam as supostas vantagens de um insulamento; mas ao fim e ao cabo convence-se, de que está na ilha a última chance de desfrutarmos nossa liberdade.

d)

O cronista, diante da possibilidade de habitar uma ilha enumera uma série de argumentos, que a princípio, desqualificariam as supostas vantagens de um insulamento mas, ao fim e ao cabo convence-se de que está na ilha, a última chance de desfrutarmos nossa liberdade.

e)

O cronista, diante da possibilidade de habitar uma ilha enumera uma série de argumentos que a princípio, desqualificariam as supostas vantagens de um insulamento; mas ao fim e ao cabo, convence-se de que, está na ilha, a última chance de desfrutarmos nossa liberdade.

Pronomes: Emprego, Formas de Tratamento e Colocação
10 -

Amemos as ilhas, mas não emprestemos às ilhas o condão mágico da felicidade, pois quando fantasiamos as ilhas esquecemo-nos de que, ao habitar ilhas, leva-se para elas tudo o que já nos habita.

Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:

a)

lhes emprestemos - lhes fantasiamos - habitá-las

b)

emprestemos-lhes - as fantasiamos - habitar-lhes

c)

as emprestemos - fantasiamo-las - as habitar

d)

lhes emprestemos - as fantasiamos - habitá-las

e)

as emprestemos - lhes fantasiamos - habitar-lhes

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