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Informações da Prova Questões por Disciplina Tribunal Regional Federal - 3.ª Região - Técnico Judiciário - Apoio Especializado - Segurança do Trabalho - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2014 - Prova Objetiva - Tipo 001

Compreensão e Interpretação de Textos

Aliás

Atenção: Para responder à(s) questão(ões) a seguir, considere o texto abaixo.

O barulho é um som de valor negativo, uma agressão ao silêncio ou simplesmente à tranquilidade necessária à vida em comum. Causa um incômodo àquele que o percebe como um entrave a seu sentimento de liberdade e se sente agredido por manifestações que não controla e lhe são impostas, impedindoo de repousar e desfrutar sossegadamente de seu espaço. Traduz uma interferência dolorosa entre o mundo e o eu, uma distorção da comunicação em razão da qual as significações se perdem e são substituídas por uma informação parasita que provoca desagrado ou aborrecimento.

O sentimento do barulho surge quando as sonoridades do ambiente perdem sua dimensão de sentido e se impõem como uma agressão irritante, da qual não há como se defender. Mas esse sentimento põe em relevo um contexto social e a interpretação que o indivíduo faz do ambiente sonoro em que se encontra. Às vezes o mesmo som é inversamente percebido por outra pessoa como um invólucro que lhe é indiferente. No limite, o barulho constante das ruas acaba sendo abafado, ao passo que os excessos sonoros dos vizinhos são percebidos como indesejáveis e como violações da intimidade pessoal. Os barulhos produzidos por nós mesmos não são percebidos como incômodo: eles têm um sentido. Quem faz barulho são sempre os outros.

O sentimento do barulho se difundiu, sobretudo, com o nascimento da sociedade industrial − e a modernidade o intensificou de maneira desmesurada. O desenvolvimento técnico caminhou de mãos dadas com a penetração ampliada do barulho na vida cotidiana e com uma crescente impotência para controlar os excessos. À profusão de barulhos produzidos pela cidade, à circulação incessante dos automóveis, nossas sociedades acrescentam novas fontes sonoras com os televisores ligados e a música ambiente que toca no interior das lojas, dos cafés, dos restaurantes, dos aeroportos, como se fosse preciso afogar permanentemente o silêncio. Nesses lugares troca-se a palavra por um universo de sons que ninguém escuta, que enervam às vezes, mas que teriam o benefício de emitir uma mensagem tranquilizante. Antídoto ao medo difuso de não se ter o que dizer, infusão acústica de segurança cuja súbita ruptura provoca um desconforto redobrado, a música ambiente tornou-se uma arma eficaz contra certa fobia do silêncio. Esse persistente universo sonoro isola as conversas particulares ou encobre os devaneios, confinando cada um em seu espaço próprio, equivalente fônico dos biombos que encerram os encontros em si mesmos, criando uma intimidade pela interferência sonora assim forjada em torno da pessoa.

Nossas cidades são particularmente vulneráveis às agressões sonoras; o barulho se propaga e atravessa grandes distâncias. As operações de liquidação do silêncio existem em abundância e sitiam os lugares ainda preservados, incultos, abandonados à pura gratuidade da meditação e do silêncio. A modernidade assinala uma tentativa difusa de saturação do espaço e do tempo por uma emissão sonora sem fim. Pois, aos olhos de uma lógica produtiva e comercial, o silêncio não serve para nada, ocupa um tempo e um espaço que poderiam se beneficiar de um uso mais rentável.

(LE BRETON, David. O Estado de S. Paulo, Aliás, 2 de junho de 2013, com adaptações)

1 -

É correto afirmar que, segundo a ótica do autor,

a)

a agitação resultante da vida moderna possibilita o encontro de pessoas em lugares privilegiados, em que a música ambiente, por afastar o silêncio, tende a favorecer a comunicação entre elas.

b)

o constante barulho produzido pela vida moderna, apesar de parecer irritante a algumas pessoas, pode também transformar-se em um elemento de calma, ao transmitir sensação de acolhimento.

c)

a música ambiente ouvida em locais de intenso movimento está distante de ser instrumento propício ao relaxamento, servindo para isolar as pessoas em seu mundo particular.

d)

a vida moderna, com aparelhos que transmitem sons a grandes distâncias, permite, ao mesmo tempo, o relacionamento em lugares altamente frequentados, como restaurantes e aeroportos, e também o silêncio e a meditação em lugares mais isolados.

e)

o movimento incessante das ruas, embora resulte em barulho constante, torna-se mais aceitável do que aquele produzido pela música que se ouve em locais de grande afluxo de pessoas, impedindo-as de optar por um ambiente silencioso e calmo.

2 -

Considerando-se o teor do texto, é correto concluir:

a)

Ao se propagar difusamente por todos os espaços criados pela vida moderna, o barulho adquire sentido decorrente das transformações tecnológicas.

b)

O barulho é percebido subjetivamente e interfere no ambiente em que as pessoas se encontram, isolando conversas particulares e encobrindo devaneios.

c)

Como resultado do desenvolvimento tecnológico e social, o barulho inerente às sociedades modernas transformou-se em um eficiente instrumento da comunicação.

d)

Com uma sonoridade geralmente suave, a música ambiente atinge seu principal objetivo, que é manter a sociabilidade entre os que se encontram em locais de grande agitação.

e)

Por sua presença em diferentes lugares, a música ambiente constitui um parâmetro eficaz para medir a sensibilidade de cada indivíduo ao barulho excessivo existente nesses locais.

3 -

Pois, aos olhos de uma lógica produtiva e comercial, o silêncio não serve para nada, ocupa um tempo e um espaço que poderiam se beneficiar de um uso mais rentável. (4.º parágrafo)

A afirmativa acima

a)

tem valor conclusivo em relação ao desenvolvimento do último parágrafo, em que o autor aponta justificativa para a intensificação do barulho na sociedade moderna.

b)

busca reduzir a importância que a vida moderna imprime à emissão constante de ruídos que cercam as pessoas, até mesmo nos ambientes mais íntimos.

c)

atribui sentido comercial ao silêncio, superior àquele que a sociedade atribui ao barulho, por ser este o resultado evidente de todo o desenvolvimento tecnológico atual.

d)

justifica a interferência constante dos ruídos em todos os lugares, como substitutos ideais do silêncio, que leva habitualmente as pessoas a se fecharem em si mesmas.

e)

apresenta uma sequência de fatos que enumeram os benefícios trazidos pela agitação da vida moderna, ainda que eles resultem, geralmente, em barulho excessivo.

4 -

Antídoto ao medo difuso de não se ter o que dizer, infusão acústica de segurança... (3.º parágrafo)

Depreende-se da expressão grifada acima:

a)

depoimento pessoal, a partir da associação entre o sabor de uma bebida e a música tranquilizante que compõe o ambiente em que se está.

b)

comentário, com viés crítico, dirigido a quem interpreta o silêncio como meio de alcançar o conforto resultante da paz interior.

c)

alusão, de certa forma irônica, à sensação de bem-estar que resulta habitualmente da ingestão de um chá reconfortante.

d)

restrição, com base em observações de senso comum, ao hábito generalizado de consumo de chás caseiros que visam restabelecer a calma.

e)

opinião sarcástica, embasada na percepção geral do desconforto provocado pelo excesso de barulho em alguns ambientes.

5 -

O 1.º parágrafo, de acordo com o que nele consta, apresenta-se

a)

com forma aproximada de um relatório, em que há análise científica de um item que passará a ser discutido nos parágrafos seguintes.

b)

como uma opinião informal do autor do texto, que contém, sobretudo, juízos de valor a respeito de problemas atuais que atingem toda a sociedade.

c)

até certo ponto desnecessário, por conter esclarecimentos a respeito de um assunto de conhecimento geral, cuja presença é constante no mundo moderno.

d)

com certa incoerência intencional, para realçar um problema que, ao atingir todos os membros de uma sociedade, reflete também a sensibilidade de cada indivíduo.

e)

de modo semelhante ao de um verbete de dicionário, ao trazer informações objetivas que esclarecem o tópico que será desenvolvido.

6 -

Os barulhos produzidos por nós mesmos não são percebidos como incômodo: eles têm um sentido. (2.º parágrafo)

As relações estabelecidas na transcrição acima permitem afirmar que o segmento introduzido pelos dois-pontos tem valor

a)

causal, equivalente a devido ao fato de terem um sentido.

b)

condicional, com o sentido de caso apresentem um significado.

c)

temporal, entendido como quando traduzem um sentido.

d)

final, equivalente a para que tenham um sentido.

e)

proporcional, com o sentido de à medida que tenham significado.

Reescritura de texto
7 -

Traduz uma interferência dolorosa entre o mundo e o eu, uma distorção da comunicação em razão da qual as significações se perdem... (1.º parágrafo)

A expressão que substitui corretamente o segmento grifado, sem alteração do sentido original, deverá ser:

a)

mediante o que.

b)

em vista disso.

c)

a fim de que.

d)

por cujo motivo.

e)

durante o que.

Flexão Nominal e Verbal
8 -

Mas esse sentimento põe em relevo um contexto social... (2.º parágrafo)

O verbo que apresenta o mesmo tipo de complemento exigido pelo grifado acima está em:

a)

... e a modernidade o intensificou de maneira desmesurada.

b)

... e desfrutar sossegadamente de seu espaço.

c)

... como um invólucro que lhe é indiferente.

d)

... e a música ambiente que toca no interior das lojas...

e)

O desenvolvimento técnico caminhou de mãos dadas...

Concordância Nominal e Verbal
9 -

A concordância verbal e nominal está inteiramente correta em:

a)

É preciso haver certo controle dos ruídos que se produz habitualmente no interior das residências, de modo que não se exponha os vizinhos a sons que venham incomodá-los.

b)

Tornou-se comum atualmente muitas queixas de pessoas que se sente incomodadas pelo excesso de barulho a que estão sujeitas em sua rotina diária.

c)

A reprodução de sons por aparelhos cada vez mais possantes a espalham por todos os lugares e incomodam as pessoas, quando deveriam, ao contrário, evitar aborrecimentos.

d)

Muitas pessoas, em busca de paz e de silêncio, gostam de caminhar em meio à natureza, deixando para trás o barulho que lhes é imposto pela vida urbana.

e)

O contexto barulhento de nossas cidades e a irritação dele resultante propicia um crescente desconforto que levam muitas pessoas à procura de lugares silenciosos para viver melhor.

Interpretação de Textos
10 -

O barulho se impõe, por vezes, como uma forma de violência.

Quem se encontra submetido ao barulho torna-se vítima dele.

O sentimento de impotência domina a vítima do barulho. A vítima do barulho pode, às vezes, tomar uma atitude radical.

Uma atitude radical pode traduzir também a violência.

As frases acima refletem ideias relacionadas ao texto e estão reunidas em um parágrafo em que se organizam com lógica, clareza e correção, em:

a)

Uma vítima do barulho − quem se encontra submetido a esse − com o sentimento de impotência, dominando essa vítima que toma, às vezes, uma atitude radical. Que pode ser também traduzida na violência.

b)

Como o barulho se impõe, por vezes, como uma forma de violência, um sentimento de impotência domina quem está sendo submetido a ele, que torna sua vítima. Ela pode tomar uma atitude radical − e às vezes se traduzir, também, em violência.

c)

Um sentimento de impotência acaba dominando aquele que se encontra submetido ao barulho que se impõe, por vezes, como uma forma de violência − que se torna vítima dele. Toma, às vezes, uma atitude radical, a violência.

d)

O barulho se impõe como uma forma de violência muitas vezes, e o sentimento de impotência vem dominando a vítima − a qual se encontra submetida ao barulho. Com uma atitude radical, tomada às vezes, ela pode traduzir também a violência.

e)

Aquele que se encontra submetido ao barulho − este que se impõe, por vezes, como uma forma de violência − torna-se vítima dele. Dominada por um sentimento de impotência, a vítima do barulho pode, às vezes, tomar uma atitude radical que se traduz, também, em violência.

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