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Informações da Prova Questões por Disciplina Prefeitura Municipal - Porto Velho - RO - Merendeira Escolar - CONSULPLAN - 2012 - Prova Objetiva

Interpretação de Textos

Conversinha mineira

– É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?
– Sei dizer não senhor: não tomo café.
– Você é dono do café, não sabe dizer?
– Ninguém tem reclamado dele não senhor.
– Então me dá café com leite, pão e manteiga.
– Café com leite só se for sem leite.
– Não tem leite?
– Hoje, não senhor.
– Por que hoje não?
– Porque hoje o leiteiro não veio.
– Ontem ele veio?
– Ontem não.
– Quando é que ele vem?
– Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes não vem. Só que no dia que devia vir em geral não vem.
– Mas ali fora está escrito “leiteria”!
– Ah, isso está, sim senhor.
– Quando é que tem leite?
– Quando o leiteiro vem.
– Tem ali um sujeito comendo coalhada. É feita de quê?
– O quê: coalhada? Então o senhor não sabe de que é feita a coalhada?
– Está bem, você ganhou. Me traz um café com leite sem leite. Escuta uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade?
– Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.
– E há quanto tempo o senhor mora aqui?
– Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso agarantir com certeza: um pouco mais, um pouco menos.
– Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?
– Ah, o senhor fala da situação? Dizem que vai bem.
– Para que partido?
– Para todos os partidos, parece.
– Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui.
– Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que outro. Nessa mexida...
– E o prefeito?
– Que é que tem o prefeito?
– Que tal o Prefeito daqui?
– O prefeito? É tal e qual eles falam dele.
– Que é que falam dele?
– Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é prefeito.
– Você, certamente, já tem candidato.
– Quem, eu? Estou esperando as plataformas.
– Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na parede, que história é essa?
– Aonde, ali? Uê, gente: penduraram isso aí...

(Texto extraído do livro A Mulher do Vizinho, Editora Sabiá – Rio de Janeiro, 1962, pág. 144)

1 -

Após a leitura do texto “Conversinha mineira”, pode-se afirmar que o autor traça um perfil do mineiro. Assinale a alternativa que determina esse perfil. “O mineiro é...”

a)

sujeito astucioso, prefere não dizer algo que o comprometa ou que possa ser interpretado como uma tomada de posição.

b)

cara folgado, indolente, evitando a todo custo tomar uma posição, pois isso pode lhe dar trabalho e vir a interromper o seu sossego.

c)

homem ingênuo, de boa fé, facilmente enganado pelos fregueses espertalhões e políticos ladinos, pois fala muito e adora uma fofoca.

d)

cara pacato, pacífico, que desencoraja qualquer intenção de briga ou discussão, pois não permite que lhe façam qualquer pergunta.

e)

sujeito importante, influente, que sabe de tudo que se passa na cidade onde vive.

Língua Portuguesa
2 -

Pode-se afirmar que o dono da leiteria se encaixa perfeitamente na expressão "como bom mineiro que é...", pois respondeu a quase todas as perguntas de modo

a)

provocante.

b)

desonesto.

c)

objetivo.

d)

evasivo.

e)

cruel.

3 -

Em relação à linguagem do texto, pode-se afirmar que a

a)

diferença de linguagem entre os interlocutores se dá por serem de diferentes países.

b)

linguagem do dono da leiteria denuncia sua ignorância e sua falta de estudo.

c)

diferença de linguagem entre os interlocutores não os impede de estabelecer um diálogo.

d)

linguagem de ambos é inadequada para a situação em que se encontram.

e)

linguagem de ambos é sempre polida e obedece aos padrões estabelecidos pela norma.

Nós, os brasileiros

               Uma editora europeia me pede que traduza poemas de autores estrangeiros sobre o Brasil. Como sempre, eles falam da floresta Amazônica, uma floresta muito pouco real, aliás. Um bosque poético, com “mulheres de corpos alvíssimos espreitando entre os troncos das árvores, [...]”. Não faltam flores azuis, rios cristalinos e tigres mágicos.
              Traduzo os poemas por dever de ofício, mas com uma secreta – e nunca realizada – vontade de inserir ali um grãozinho de realidade. Nas minhas idas (nem tantas) ao exterior, onde convivi, sobretudo, com escritores ou professores e estudantes universitários – portanto, gente razoavelmente culta – eu fui invariavelmente surpreendida com a profunda ignorância a respeito de quem, como e o que somos. – A senhora é brasileira? Comentaram espantados alunos de uma universidade americana famosa. – Mas a senhora é loira!
              Depois de ler, num congresso de escritores em Amsterdã, um trecho de um dos meus romances traduzido em inglês, ouvi de um senhor elegante, dono de um antiquário famoso, que segurou comovido minhas duas mãos: – Que maravilha! Nunca imaginei que no Brasil houvesse pessoas cultas! Pior ainda, no Canadá alguém exclamou incrédulo: – Escritora brasileira? Ué, mas no Brasil existem editoras? A culminância foi a observação de uma crítica berlinense, num artigo sobre um romance meu editado por lá, acrescentando, a alguns elogios, a grave restrição: “porém não parece um livro brasileiro, pois não fala nem de plantas nem de índios nem de bichos”.
              Diante dos três poemas sobre o Brasil, esquisitos para qualquer brasileiro, pensei mais uma vez que esse desconhecimento não se deve apenas à natural (ou inatural) alienação estrangeira quanto ao geograficamente fora de seus interesses, mas também a culpa é nossa. Pois o que mais exportamos de nós é o exótico e o folclórico.
              Em uma feira do livro de Frankfurt, no espaço brasileiro, o que se via eram livros (não muito bem arrumados), muita caipirinha na mesa, e televisões mostrando carnaval, futebol, praia e mato. E eu, mulher essencialmente urbana, escritora das geografias interiores de meus personagens eróticos, me senti tão deslocada quanto um macaco em uma loja de cristais. Mesmo que tentasse explicar, ninguém acreditaria que eu era tão brasileira quanto qualquer negra de origem africana vendendo acarajé nas ruas de Salvador. Porque o Brasil é tudo isso. E nem a cor de meu cabelo e olhos, nem meu sobrenome, nem os livros que li na infância, nem o idioma que falei naquele tempo, além do português, me fazem menos nascida e vivida nesta terra de tão surpreendentes misturas: imensa, desaproveitada, instigante e (por que ter medo da palavra?) maravilhosa.

(Luft, Lya. Pensar e transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2005, pág. 49 – 51)

4 -

Assinale a alternativa em que a palavra em destaque está INCORRETAMENTE interpretada.

a)

"A culminância foi a observação de uma crítica berlinense (...)" (auge)

b)

"Pois o que mais exportamos de nós é o exótico e o folclórico." (primitivo)

c)

"... mulheres de corpos alvíssimos espreitando entre os troncos das árvores (...)" (ocultando-se)

d)

"(...) esse desconhecimento não se deve apenas à natural (ou inatural) alienação estrangeira (...)" (êxtase)

e)

"mulheres de corpos alvíssimos espreitando entre os troncos das árvores" (brancos)

5 -

Assinale a alternativa em que a classe de palavra entre parênteses NÃO corresponde à palavra em destaque.

a)

"A senhora é brasileira? (...) Mas a senhora é loira!" (substantivo)

b)

"Escritora brasileira? Ué, mas no Brasil existem editoras?" (conjunção)

c)

"Que maravilha! Nunca imaginei que no Brasil houvesse pessoas cultas!" (adjetivo)

d)

"(...) muita caipirinha na mesa, e televisões mostrando carnaval, futebol, praia e mato." (advérbio)

e)

"Porque o Brasil é tudo isso." (preposição)

6 -

Assinale a alternativa INCORRETA quanto à classificação do advérbio destacado.

a)

"(...) e nunca realizada (...)" - consequência

b)

"(...) não muito bem arrumados (...)" - negação

c)

"(...) uma floresta muito pouco real (...)" - intensidade

d)

"(...) um romance meu editado por (...)" - lugar

e)

"E, eu, mulher essencialmente urbana (...)" - modo

7 -

Leia a oração: "Traduzo os poemas por dever do ofício, mas com uma secreta (...) vontade de inserir ali um grãozinho de realidade." O sujeito desta oração pode ser classificado como

a)

simples.

b)

composto.

c)

inexistente.

d)

desinencial.

e)

indeterminado.

8 -

Assinale a alternativa cuja palavra possua a mesma regra de acentuação da palavra vôlei.

a)

Mármore.

b)

Séria.

c)

Lápis.

d)

Saúde.

e)

Três.

9 -

Marque a alternativa em que a palavra NÃO está corretamente empregada de acordo com sua ortografia.

a)

Serei eu um ____________ colega? (mal)

b)

Sei ____________ você guardou meus presentes. (onde)

c)

Os alunos estão de ____________ com o diretor. (mal)

d)

____________ vocês estão indo com tanta pressa? (aonde)

e)

Jonas ____________ sempre seus livros sempre encapados. (traz)

10 -

Vamos à Bahia visitar nossos parentes. Como se chama o acento da palavra destacada?

a)

Agudo.

b)

Crase.

c)

Til.

d)

Grave.

e)

Circunflexo.

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