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Comentários / UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Vestibular - UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - 2012 - Prova - 1.ª Fase - Inglês - 1.º Semestre de 2013


Ciência e Hollywood

 
             Infelizmente, é verdade: explosões não fazem barulho algum no espaço. Não me lembro de um
        só filme que tenha retratado isso direito. Pode ser que existam alguns, mas se existirem não
        fizeram muito sucesso. Sempre vemos explosões gigantescas, estrondos fantásticos. Para existir
        ruído é necessário um meio material que transporte as perturbações que chamamos de ondas
5       sonoras. Na ausência de atmosfera, ou água, ou outro meio, as perturbações não têm onde se
        propagar. Para um produtor de cinema, a questão não passa pela ciência. Pelo menos não como
        prioridade. Seu interesse é tornar o filme emocionante, e explosões têm justamente este papel;
        roubar o som de uma grande espaçonave explodindo torna a cena bem sem graça.
             Recentemente, o debate sobre as liberdades científicas tomadas pelo cinema tem aquecido. O
10      sucesso do filme O dia depois de amanhã (The day after tomorrow), faturando mais de meio bilhão
        de dólares, e seu cenário de uma idade do gelo ocorrendo em uma semana, em vez de décadas
        ou, melhor ainda, centenas de anos, levantaram as sobrancelhas de cientistas mais rígidos que
        veem as distorções com desdém e esbugalharam os olhos dos espectadores (a maioria) que
        pouco ligam se a ciência está certa ou errada. Afinal, cinema é diversão.
15           Até recentemente, defendia a posição mais rígida, que filmes devem tentar ao máximo ser fiéis à
        ciência que retratam. Claro, isso sempre é bom. Mas não acredito mais que seja absolutamente
        necessário. Existe uma diferença crucial entre um filme comercial e um documentário científico.
        Óbvio, documentários devem retratar fielmente a ciência, educando e divertindo a população,
        mas filmes não têm necessariamente um compromisso pedagógico. As pessoas não vão ao
20      cinema para serem educadas, ao menos como via de regra.
            Claro, filmes históricos ou mesmo aqueles fiéis à ciência têm enorme valor cultural. Outros
        educam as emoções através da ficção. Mas, se existirem exageros, eles não deverão ser
        criticados como tal. Fantasmas não existem, mas filmes de terror sim. Pode-se argumentar que,
        no caso de filmes que versam sobre temas científicos, as pessoas vão ao cinema esperando uma
25      ciência crível. Isso pode ser verdade, mas elas não deveriam basear suas conclusões no que diz
        o filme. No mínimo, o cinema pode servir como mecanismo de alerta para questões científicas
        importantes: o aquecimento global, a inteligência artificial, a engenharia genética, as guerras
        nucleares, os riscos espaciais como cometas ou asteroides etc. Mas o conteúdo não deve ser
        levado ao pé da letra. A arte distorce para persuadir. E o cinema moderno, com efeitos especiais
30      absolutamente espetaculares, distorce com enorme facilidade e poder de persuasão.
             O que os cientistas podem fazer, e isso está virando moda nas universidades norte-americanas,
        é usar filmes nas salas de aula para educar seus alunos sobre o que é cientificamente correto
        e o que é absurdo. Ou seja, usar o cinema como ferramenta pedagógica. Os alunos certamente
        prestarão muita atenção, muito mais do que em uma aula convencional. Com isso, será possível
35      educar a população para que, no futuro, um número cada vez maior de pessoas possa discernir
        o real do imaginário.

MARCELO GLEISER

Adaptado de www1.folha.uol.com.br.

Questão:

A oposição entre “ciência” e “Hollywood”, expressa no título do artigo de Gleiser, corresponde a outra oposição bastante estudada no campo da literatura, que se verifica entre:

Resposta errada
a)

acontecimento e opinião

Resposta errada
b)

historicismo e atualidade

Resposta correta
c)

verdade e verossimilhança

Resposta errada
d)

particularização e universalismo

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