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Comentários / SESI - Serviço Social da Indústria - Distrito Federal - Professor de Língua Portuguesa - Licenciatura em Letras - Habilitação Português - CETRO - 2013 - Prova Objetiva


De repente, classe C

Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.

 
         Eu me considerava um rapaz razoavelmente feliz até
descobrir que não sou mais pobre e que agora faço parte da
classe C.
         Com a informação, percebi aos poucos que eu e minha
nova classe somos as celebridades do momento. Todo mundo
fala de nós e, claro, quer nos atingir de alguma forma.
Há empresas, publicações, planos de marketing e
institutos de pesquisa exclusivamente dedicados a investigar as
minhas preferências: se gosto de azul ou vermelho, batata ou
tomate e se meus filmes favoritos são do Van Damme ou do
Steven Seagal.
         (Aliás, filmes dublados, por favor! Afinal, eu, como todos
os membros da classe C, aparentemente tenho sérias
dificuldades para ler com rapidez essas malditas legendas.)
A televisão também estudou minha nova classe e, por
isso, mudou seus planos: além do aumento dos programas que
relatam crimes bizarros (supostamente gosto disso), as
telenovelas agora têm empregadas domésticas como
protagonistas, cabeleireiras como musas e até mesmo
personagens ricos que moram em bairros mais ou menos como
o meu.
         A diferença é que nesses bairros, os da novela, não há
ônibus que demoram duas horas para passar nem buracos na
rua.
         Um telejornal famoso até trocou seu antigo apresentador,
um homem fino e especialista em vinhos, por um âncora,
digamos, mais povão, do tipo que fala alto e gosta de samba.
Um sujeito mais parecido comigo, talvez. Deve estar lá para
chamar a minha atenção com mais facilidade.
         As empresas viram a luz em cima da minha cabeça e
decidiram que minha classe é seu novo alvo de consumo.
Antes, quando eu era pobre, de certo modo não existia para
elas. Quer dizer, talvez existisse, mas não tinha nome nem
capital razoável.
         De modo que agora elas querem me vender carros,
geladeiras de inox, engenhocas eletrônicas, planos de saúde e
TV por assinatura. Tudo em parcelas a perder de vista e com
redução do IPI.
         E as universidades privadas, então, pipocam por São
Paulo. Os cursos custam 200 reais ao mês, e isso se eu não
quiser pagar menos, estudando à distância.
         Assim como toda pasta de dente é a mais recomendada
entre os dentistas, essas universidades estão sempre entre as
mais indicadas pelo Ministério da Educação, como elas mesmas
alardeiam. Se é verdade ou não, quem pode saber?
         E se eu não acreditar na educação privada, posso tentar
uma universidade pública, evidentemente. Foi o que fiz: passei
numa federal, fiz a matrícula e agora estou em greve porque o
campus cai aos pedaços. Não tenho nem sala de aula.
         Não que eu não esteja feliz com meu novo status de
consumidor, não deve ser isso. (Agora mesmo escrevo em um
notebook, minha TV tem cem canais de esporte e minha mãe
prepara a comida num fogão novo; se isso não for felicidade, do
que se trata, então?)
         O problema é que me esforço, juro, mas o ceticismo ainda
é minha perdição: levo 2h30 para chegar ao trabalho porque o
trem quebra todos os dias, meu plano de saúde não cobre
minha doença no intestino e morro de medo das enchentes do
bairro.
         Ou seja, ao mesmo tempo em que todos querem me
atingir por meu razoável poder de consumo, passo por
perrengues do século passado. Eu e mais de 30 milhões de
pessoas – não somos pobres, mas classe C.
         Deixa eu terminar por aqui o texto, porque daqui a pouco
vão me chamar de chato ou, pior, de comunista. Logo eu, que
só li Marx na versão resumida em quadrinhos. Fazer o quê, se
eu gosto é de autoajuda?       

Leandro Machado, 23, é estudante de letras na Universidade Federal de São Paulo, mora em Ferraz de Vasconcelos (SP)

e escreve no blog Mural, da Folha. Fonte: Folha de S. Paulo, domingo, 15 de julho de 2012 – Opinião A3.

Questão:

Quanto à variedade linguística, neste texto, é possível afirmar que existem índices de formalidade e de informalidade. Sendo assim, observe os três primeiros parágrafos do texto e assinale a alternativa correta.

Resposta correta
a)

O uso de próclise indica informalidade e o uso do verbo “haver” indica formalidade.

Resposta errada
b)

O uso da terceira pessoa do plural denota informalidade, assim como a próclise.

Resposta errada
c)

O uso dos dois advérbios terminados em “mente”, neste trecho, indicam informalidade.

Resposta errada
d)

As concordâncias nominais e verbais são índices tanto de formalidade quanto de informalidade.

Resposta errada
e)

O uso de “todo mundo” indica informalidade, o que não é percebido em mais nenhum item do texto.

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