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Comentários / Tribunal de Justiça - Rio Grande do Sul - Juiz de Direito Substituto - Tribunal de Justiça - RS - 2012 - Prova Objetiva


Sorria!


1   Na frente da câmara fotográfica, ninguém precisa nos dizer “Sorria!”; espontaneamente, simulamos grandes ale-
2   grias, sorrindo de boca aberta. Em regra, hoje, os retratos são propaganda de pasta de dentes – se você não acredita
3   passeie pelo Facebook , onde muitos compartilham seus ......, ri valizando para ver quem parece melhor aproveitar a
4   vida.
5   O hábito de sorrir nos retratos é muito recente. Angus Trumble, autor de A Brief History of the Smile (Uma Breve
6   História do Sorriso, Basic Books), assinala que esse costume não poderia ter se formado antes que os dentistas
7   tornassem nossos dentes apresentáveis.
8   Além disso, os retratos pintados pediam poses longas e repetidas, para as quais era mais fácil adotar uma expres -
9   são “natural”. O mesmo vale para os daguerreótipos e as primeiras fotos: os tempos de exposição eram longos demais.
10  Já pensou manter um sorriso por minutos?
11  Outra explicação é que o retrato, até a terceira década do século 20, era uma ocasião rara e, por isso, um pouco
12  solene.
13  Mas resta que nossos antepassados recentes, na hora de serem imortalizados, queriam deixar à posteridade uma
14  imagem de seriedade e compostura; enquanto nós, na mesma hora, sentimos a necessidade de sorrir ─ e nada do
15  sorriso enigmático de Buda ou de Mona Lisa: sorrimos escancaradamente.
16  Certo: o hábito de sorrir na foto se estabeleceu quando as câmaras fotográficas portáteis banalizaram o retrato.
17  Mas é duvidoso que nossos sorrisos tenham sido inventados para essas câmaras. É mais provável que as câmaras
18  tenham surgido para satisfazer a dupla necessidade de registrar (e mostrar aos outros) nossa suposta “felicidade” em
19  duas circunstâncias que eram novas ou quase: a vida da família nuclear e o tempo de férias.
20  De fato, o álbum de fotos das crianças e o das férias são os grandes repertórios do sorriso. No primeiro, ao risco
21  de parecerem idiotas de tanto sorrir, as crianças devem mostrar a nós e ao mundo que elas preenchem sua missão: a
22  de realizar (ou parecer realizar) nossos sonhos frustrados de felicidade. Nas fotos das férias, trata-se de provar que nós
23  também (além das crianças) sabemos ser “felizes”.
24  Em suma, estampado na cara das crianças ou na nossa, o sorriso é, hoje, o grande sinal exterior da capacidade
25  de aproveitar a vida. É ele que deveria nos valer a ad miração (e a inveja) dos outros.
26  De uma longa época em que nossa maneira e talvez nossa capacidade de enfrentar a vida eram resumidas por
27  uma espécie de seriedade intensa, passamos a uma época em que saber viver coincidiria com saber sorrir e rir. Nessa
28  passagem, não há só uma mudança de expressão: o passado parece valorizar uma atenção focada e reflexiva, en -
29  quanto nós parecemos valorizar a diversão. Ou seja, no passado, saber viver era focar na vida; hoje, saber viver é se
30  distrair dela.
31  Ao longo do século 19, antes que o sorriso deturpasse os retratos, a “felicidade” e a alegria excessivas eram,
32  aliás, sinais de que o retratado estava ......... seu tempo, incapaz de encarar a complexidade e a finitude da vida.
33  Alguém dirá que tudo isso seria uma nostalgi a sem relevância, se, valorizando o sorriso e o riso, .......... tornar
34  a dita felicidade prioritária em nossas vidas. Se o bom humor da diversão afastasse as dores do dia a dia, quem se
35  queixaria disso?


(Adaptado de CALLIGARIS, Contardo. Folha de São Paulo, junho de 2012)

Questão:

Se, na linha 21, a expressão as crianças fosse substituída por a criança fotografada, quantas outras palavras da frase deveriam sofrer ajustes de concordância?

Resposta errada
a)

Seis

Resposta correta
b)

Cinco

Resposta errada
c)

Quatro

Resposta errada
d)

Três

Resposta errada
e)

Duas

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