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Comentários / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - EBSERH - Advogado - IBFC - 2013 - Prova Objetiva


As raízes do racismo

Drauzio Varella

     Somos seres tribais que dividem o mundo em dois grupos: o "nosso" e o "deles". Esse é o início de um artigo sobre racismo 
publicado na revista "Science", como parte de uma seção sobre conflitos humanos, leitura que recomendo a todos. 
     Tensões e suspeições intergrupais são responsáveis pela violência entre muçulmanos e hindus, católicos e protestantes,
palestinos e judeus, brancos e negros, heterossexuais e homossexuais, corintianos e palmeirenses. 
     Num experimento clássico dos anos 1950, psicólogos americanos levaram para um acampamento adolescentes 
que não se conheciam.
     Ao descer do ônibus, cada participante recebeu aleatoriamente uma camiseta de cor azul ou vermelha. A partir 
desse momento, azuis e vermelhos faziam refeições em horários diferentes, dormiam em alojamentos separados e formavam
equipes adversária sem todas as brincadeiras e práticas esportivas. 
     A observação precisou ser interrompida antes da data prevista, por causa da violência na disputa de jogos e das brigas 
que irrompiam entre azuis e vermelhos. 
     Nos anos que se seguiram, diversas experiências semelhantes, organizadas com desconhecidos reunidos de forma 
arbitrária, demonstraram que consideramos os membros de nosso grupo mais espertos, justos, inteligentes e honestos do que os "outros". 
     Parte desse prejulgamento que fazemos "deles" é inconsciente. Você se assusta quando um adolescente negro se 
aproxima da janela do carro, antes de tomar consciência de que ele é jovem e tem pele escura, porque o preconceito contra homens 
negros tem raízes profundas.
     Nos últimos 40 anos, surgiu vasta literatura científica para explicar por que razão somos tão tribais. Que fatores em nosso 
passado evolutivo condicionaram a necessidade de armar coligações que não encontram justificativa na civilização moderna? 
Por que tanta violência religiosa? Qual o sentido de corintianos se amarem e odiarem palmeirenses?
     Seres humanos são capazes de colaborar uns com os outros numa escala desconhecida no reino animal, porque viver 
em grupo foi essencial à adaptação de nossa espécie. Agrupar-se foi a necessidade mais premente para escapar de predadores,
obter alimentos e construir abrigos seguros para criar os filhos. 
     A própria complexidade do cérebro humano evoluiu, pelo menos em parte, em resposta às solicitações da vida comunitária.
     Pertencer a um agrupamento social, no entanto, muitasvezes significou destruir outros. Quando grupos antagônicos
competem por território e bens materiais, a habilidade para formar coalizões confere vantagens logísticas capazes de assegurar maior
probabilidade de sobrevivência aos descendentes dos vencedores. 
     A contrapartida do altruísmo em relação aos "nossos" é a crueldade dirigida contra os "outros".
     Na violência intergrupal do passado remoto estão fincadas as raízes dos preconceitos atuais. As interações negativas entre
nossos antepassados deram origem aos comportamentos preconceituosos de hoje, porque no tempo deles o contato com 
outros povos era tormentoso e limitado.
     Foi com as navegações e a descoberta das Américas que indivíduos de etnias diversificadas foram obrigados a conviver,
embora de forma nem sempre pacífica. Estaria nesse estranhamento a origem das idiossincrasias contra negros e índios, por exemplo, 
povos fisicamente diferentes dos colonizadores brancos. 
     Preconceito racial não é questão restrita ao racismo, faz parte de um fenômeno muito mais abrangente que varia de uma 
cultura para outra e que se modifica com o passar do tempo. Em apenas uma geração, o apartheid norte-americano foi combatido 
a ponto de um negro chegar à Presidência do país. 
     O preconceito contra "eles" cai mais pesado sobre os homens, porque eram do sexo masculino os guerreiros que 
atacavam nossos ancestrais. Na literatura, essa constatação recebeu o nome de hipótese do guerreiro masculino. 
     A evolução moldou nosso medo de homens que pertencem a outros grupos. Para nos defendermos deles, criamos fronteiras 
que agrupam alguns e separam outros em obediência a critérios decordapele,religião,nacionalidade,convicçõespolíticas,dialetos 
e até times de futebol.
     Demarcada a linha divisória entre "nós" e "eles", discriminamos os que estão do lado de lá. Às vezes com violência. 	 

Questão:

Considere as afirmações abaixo.

I. De acordo com o texto, o homem tem tendência a se agrupar, tendo como base sempre a cor da pele e as características físicas.

II. O intuito da experiência científica dos psicólogos americanos na década de 1950 era obter dados que ajudassem a descrever o comportamento humano.

Está correto o que se afirma em

Resposta errada
a)

somente I.

Resposta correta
b)

somente II

Resposta errada
c)

I e II.

Resposta errada
d)

nenhuma.

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