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Comentários / Ministério Público Estadual - Sergipe - Analista do Ministério Público - Direito - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2010 - Prova Objetiva


Na balança da dor e da alegria

Como ocorre a cada quatros anos, neste houve mais uma Copa Mundial de Futebol. Mudam os jogadores, muda o país-sede, entra uma seleção, sai outra, variam os esquemas táticos, mas uma coisa não muda: há sempre grandes prazeres junto a grandes sofrimentos nacionais. As pessoas mais sensatas procuram convencer as outras de que “se trata apenas de um jogo”, de que “o esporte é só um entretenimento”, mas o consolo parece inútil: os gritos subirão, as lágrimas descerão. Na balança emocional de um torcedor, à incalculável alegria da vitória deve corresponder, necessariamente, a incalculável desgraça da derrota.

Talvez tenha que ser assim mesmo. As grandes paixões nos movem sempre para muito perto do desequilíbrio, quando já não o são, em sua fúria. À margem da paixão ficariam apenas os seres extremamente ponderados, os grandes indiferentes, os irrecuperáveis entediados. O poeta Carlos Drummond de Andrade formulou, num poema, esta admirável consideração sobre o sentimento do tédio: “Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase”. É isso: o poeta, num momento doloroso de apatia e desânimo, experimentou a sensação do valor ausente, da falta do tônus vital.

Nesta Copa de 2010, muitos brasileiros experimentaram uma estranha sensação: a de que uma grande dor pode, subitamente, dar lugar a um grande prazer. A complicação dessa antítese está no fato de que ela foi gerada por uma perversão: o sentimento da vingança. Desclassificados, tornamo-nos objetos das piadas argentinas; desclassificados em seguida, os argentinos tornaram-se piadas nossas. Nada que compensasse, por certo, a perda de uma Copa (que vemos como nossa propriedade privada), mas mais uma vez uma grande dor e um grande prazer alternaram-se, na balança das paixões.

A questão de fundo, como se vê, não é simples: os grandes moderados seriam capazes do risco de um grande amor? A sensatez sente ciúmes? A tentação entra na bolsa de valores? A quem acha que o futebol afinal de contas não é mais que um “simples jogo” haverá quem retruque: “A vida também o é”. E tudo recomeça.

(Bonifácio de Arruda, inédito)

Questão:

Está inteiramente adequada a correlação entre tempos e modos verbais na frase:

Resposta errada
a)

As grandes paixões nos moverão, assim, para muito perto do desequilíbrio, quando já não o fossem, em sua fúria.

Resposta errada
b)

Experimentáramos a certeza de que aquela grande e única alegria não pudesse compensar as muitas tristezas que sobrevieram.

Resposta errada
c)

Se desclassificados, tornar-nos-emos alvo da galhofa dos argentinos, e só nos resta esperar que também eles não se classificarão.

Resposta errada
d)

Os que nunca vierem a sentir o peso trágico de uma derrota também não seriam capazes de ter experimentado o júbilo de uma vitória.

Resposta correta
e)

Quem se exalta com um simples jogo de futebol habilita-se, também, a vir a se exaltar com outros prazeres simples da vida.

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