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Informações da Prova Questões por Disciplina TRT - 14.ª Região - Analista Judiciário - Judiciária - Execução de Mandados - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2011 - Prova Objetiva

Interpretação de Textos

Os Homens-Placa

Uma cabeleira cor-de-rosa ou verde, um nariz de palha- ço, luvas de Mickey gigantescas, pouco importa. Eis que surge numa esquina, e replica-se em outras dez, o personagem mais solitário de nossas ruas, o homem-placa das novas incorpora- ções imobiliárias. Digo homem-placa, não porque ele seja vítima do velho sistema de ficar ensanduichado entre duas tábuas de madeira anunciando remédios ou espetáculos de teatro, nem porque, numa versão mais recente, amarrem-lhe ao corpo um meio colete de plástico amarelo para avisar que se compra ouro ali por perto. Ele é homem-placa porque sua função é mostrar, a cada encruzilhada mais importante do caminho, a direção certa para o novo prédio de apartamentos que está sendo lançado.

Durante uma época, a prática foi encostar carros velhíssimos, verdadeiras sucatas, numa vaga de esquina, colocando o anúncio do prédio em cima da capota. O efeito era ruim, sem dúvida. Como acreditar no luxo e na distinção do edifício Duvalier, com seu espaço gourmet e seu depósito de vinho individual, se todo o sonho estava montado em cima de um Opala 74 cor de tijolo com dois pneus no chão?

Eliminaram-se os carros-placa, assim como já pertencem ao passado os grandes lançamentos performáticos do mercado imobiliário. A coisa tinha, cerca de dez anos atrás, proporções teatrais. Determinado prédio homenageava a Nova York eterna: mocinhas eram contratadas para se fantasiarem de Estátua da Liberdade, com o rosto pintado de verde, a tocha de plástico numa mão, o folheto colorido na outra. Ou então era o Tio Sam, eram Marilyns e Kennedys, que ocupavam a avenida Brasil, a Nove de Julho, as ruas do Itaim.

Esses homens e mulheres-placa não se comparam sequer ao guardador de carros, que precisa impor certa presença ao cliente incauto. Estão ali graças à sua inexistência social. Só que sua função, paradoxalmente, é a de serem vistos; um cabelo azul, um gesto repetitivo apontando o caminho já bastam.

(Adaptado de: Marcelo Coelho, www.marcelocoelho.folha. blogspot.uol.com)

1 -

Os homens e mulheres-placa, no desempenho de sua função, evidenciam o paradoxo:

a)

da reduzida eficácia que esse antigo e bem-sucedido recurso publicitário obtém nos dias atuais.

b)

de se preservar o romantismo do passado na utilização de uma técnica moderna de comunicação.

c)

de se chamar a atenção para a ostensiva presença pública de quem está imerso no anonimato.

d)

da teimosa insistência dos empreendedores financeiros numa anacrônica tática de vendas.

e)

da resignação com que fazem de seus próprios corpos matéria de propaganda imobiliária.

2 -

Atente para as seguintes afirmações:

I. Destituídos de qualquer qualidade pessoal, os homens-placa, em sua função mais recente, funcionam como meros sinalizadores físicos da localização dos negócios.

II. No terceiro parágrafo, as referências à Estátua da Liberdade, Marilyns e Kennedys mostram como a propaganda se vale de imagens estereotipadas para incutir prestígio em certos produtos.

III. A despersonalização a que se submetem os homens e mulheres-placa só não é maior do que a que sofre um guardador de carros.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em:

a)

I, II e III.

b)

I e II, somente.

c)

I e III, somente.

d)

II e III, somente.

e)

II, somente.

Coesão e Coerência
3 -

Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:

a)

replica-se em outras dez (1.º parágrafo) = contesta- se em dez outras.

b)

incorporações imobiliárias (1.º parágrafo) = admissões de imóveis.

c)

lançamentos performáticos (3.º parágrafo) = propulsões cuidadosas.

d)

impor certa presença (4.º parágrafo) = submeter a aparência.

e)

graças à sua inexistência social (4.º parágrafo) = devido à falta de sua identidade pública.

Interpretação de Textos
4 -

O autor justifica a afirmação O efeito era ruim, sem dúvida, (2.º parágrafo) mostrando:

a)

o contrassenso de se anunciar um produto sofisticado por meio de um recurso grosseiro.

b)

o modesto resultado financeiro que se obtém pela publicidade apoiada em homens-placa.

c)

a ineficácia de uma propaganda sofisticada voltada para uma clientela de pouco poder aquisitivo.

d)

a impossibilidade de se tentar exaltar simultaneamente aspectos contraditórios de um produto.

e)

o pífio resultado obtido por quem busca valorizar o que é barato por meio de recursos baratos.

5 -

No 3.º parágrafo, o autor se vale da expressão A coisa referindo-se, precisamente:

a)

à eliminação mais que justificável dos carros-placa.

b)

ao prestígio inconteste dos mais antigos recursos publicitários.

c)

às características teatrais dos carros-placa.

d)

aos desempenhos teatrais das campanhas imobiliárias.

e)

ao inesperado crescimento do mercado imobiliário.

6 -

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

a)

Há momentos onde o afã de se fazer propaganda não mede esforços para lançar mão dos mais grotescos recursos.

b)

Ainda se vê em grandes cidades as figuras antagônicas de pobres entalados em cartazes nos quais se diz venderem ouro.

c)

Muitos acreditam ter requinte em morar num edifício de nome estrangeiro, além das novidades ligadas à onda de gastronomia.

d)

Quando o corpo humano se reduz em suporte exclusivamente material para qualquer coisa, nossa dignidade deixa de ter preço.

e)

Requer-se de um guardador de carros, diferentemente do que ocorre com um homem-placa, que tenha iniciativa e presença.

Concordância Nominal e Verbal
7 -

Estão plenamente observadas as normas de concordância verbal na frase:

a)

Destinam-se aos homens-placa um lugar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a visibilidade social.

b)

As duas tábuas em que se comprimem o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irônicos, como “compro ouro”.

c)

Não se compara aos vexames dos homens-placa a exposição pública a que se submetem os guardadores de carros.

d)

Ao se revogarem o emprego de carros-placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma demonstração de mau gosto.

e)

Não sensibilizavam aos possíveis interessados em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles velhos carros-placa.

Reescritura de texto
8 -

É preciso corrigir, devido à má estruturação, a redação da seguinte frase:

(Questão anulada)
a)

Não se sabe a quem ocorreu a ideia, uma vez que condomínios de luxo certamente não combinam com sucata, de que usaram como base de anúncio.

b)

Alguém, num momento infeliz, teve a lamentável ideia de usar carros velhos como suporte de propaganda para a venda de imóveis de luxo.

c)

Definitivamente, quem procura imóvel com espaço gourmet ou depósito de vinho individual não se deixará atrair pela propaganda apoiada num velho Opala de cor berrante.

d)

Os homens-placa ficam ensanduichados entre tábuas ou pranchas de metal, transportando-as pelas ruas reduzidos à condições de suporte.

e)

Sensibilizou-se o autor do texto com a condição humilhante desses homens e mulheres-placa, tratados como se fossem coisas, destituídos de sua humanidade.

Interpretação de Textos

Meios e Fins

O crítico José Onofre disse uma vez que a frase “não se faz uma omelete sem quebrar ovos” é muito repetida por gente que não gosta de omelete, gosta do barulhinho dos ovos sendo quebrados. Extrema esquerda e extrema direita se parecem não porque amam seus ideais, mas porque amam os extremos, têm o gosto pelo crec-crec.

A metáfora da omelete é “o fim justifica os meios”, em linguagem de cozinha. O fim justificaria todos os meios extremos de catequização e purificação, já que o fim é uma humanidade melhor – só variando de extremo para extremo o conceito de “melhor”.

Todos os fins são nobres para quem os justifica, seja uma sociedade sem descrentes, sem classes ou sem raças impuras. O próprio sacrifício de ovos pelo sacrifício de ovos tem uma genealogia respeitável, a ideia de regeneração (dos outros) pelo sofrimento e pelo sangue acompanha a humanidade desde as primeiras cavernas. Ou seja, até os sádicos têm bons argumentos. Mas o fim das ideologias teria decretado o fim do horror terapêutico, do mito da salvação pela purgação que o século passado estatizou e transformou no seu mito mais destrutivo.

O fracasso do comunismo na prática acabou com a desculpa, racional ou irracional, para o stalinismo. O tempo não redimiu o horror, o fim foi só a última condenação dos meios.

(Adaptado de: Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro)

9 -

Para o crítico José Onofre, muitos dos que repetem a frase "não se faz uma omelete sem quebrar ovos" querem, com ela:

a)

justificar o difícil caminho que deve ser penosamente trilhado para se chegar a um bom resultado.

b)

mascarar o gosto pela violência mesma dos processos radicais, independente dos objetivos finais.

c)

revelar a necessidade da violência quando o fim último pretendido for o da conciliação permanente.

d)

despertar a consciência de quem trabalha para o oportunismo de quem somente colhe os frutos do labor alheio.

e)

ilustrar a tese de que aos mais altos ideais corresponde sempre a exigência dos mais altos sacrifícios.

10 -

As palavras catequização (doutrinação religiosa) e purificação (tornar puro, depuração, limpeza), do segundo parágrafo, têm, respectivamente, desdobramentos nas se- guintes expressões do terceiro parágrafo:

a)

sem classes e genealogia respeitável.

b)

regeneração pelo sofrimento e o fim das ideologias.

c)

sem descrentes e regeneração pelo sangue.

d)

regeneração pelo sangue e sem classes.

e)

o fim das ideologias e o mito da salvação.

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