Tribunal de Justiça - Amazonas - Analista Judiciário - Direito - Oficial de Justiça e Avaliador - FGV - Fundação Getúlio Vargas - 2013 - Prova Objetiva
Muito além do ridículo (fragmento)
“Certa vez, ante o espanto da opinião pública com a violência
de uma rebelião de presos, o memorável jurista Evandro Lins e
Silva saiu‐se com esta: espantoso, mesmo, é que os detentos
enjaulados em condições subumanas não estejam realizando
mais motins pelo país afora.
Lins era um humanista por excelência e sempre achou
equivocada a política penitenciária. Não havia ironia no que disse.
Com mais de 500 mil presos, o sistema atual tem capacidade para
receber pouco mais de 300 mil. O que sobra fica amontoado em
celas fétidas, sujeito à disseminação de doenças e, o que é pior, a
mais violência. Como é possível imaginar que um ser humano se
adapte a tais condições?
Do outro lado dos muros das prisões, uma sociedade acuada
pela escalada da violência urbana prefere imaginar que lugar de
bandido é na cadeia, deixando o Estado à vontade para varrer a
sujeira tapete abaixo. Construir presídios e dar tratamento digno
ao preso não rendem votos. Punir, sim.
Daí porque se discute tanto um novo Código Penal, como se
fossem frouxas as 117 leis penais especiais e os 1.170 crimes
tipificados de que dispomos. Inclusive trazendo de volta a ideia da
maioridade penal, que na prática significa transformar menino em
delinquente e sujeitá‐lo à crueldade das prisões. Nada mais
autoritário. O que a juventude precisa é de amparo, de
oportunidade, de educação, e não de medidas que visem a puni‐la.
A sociedade não pode virar as costas ao drama dos
presídios”.
(Marcus Vinicius Furtado)
“...o memorável jurista Evandro Lins e Silva saiu‐se com esta: ...”;
o emprego da forma do demonstrativo sublinhada
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a)
mostra equívoco do autor do texto, pois a forma correta seria “essa”. |
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b)
indica que o seu referente será enunciado a seguir. |
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c)
demonstra que o referente do pronome já foi enunciado. |
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d)
destaca que o fato ocorrido ocorreu no tempo presente. |
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e)
informa que o referente tem significado humorístico ou irônico. |
Assinale a alternativa que apresenta a posição do jurista citado no primeiro parágrafo do texto.
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a)
Defende a violência em certas situações sociais. |
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b)
Valida o espanto da opinião pública ante a violência nos motins. |
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c)
Contraria a reação da opinião pública, explicando sua posição. |
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d)
Confirma a tese de que os presos não se recuperam no atual sistema. |
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e)
Critica as penas exageradamente altas para prisioneiros de pouca periculosidade. |
Ao citar o jurista Evandro Lins e Silva, o autor do texto
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a)
pretende dar valor à opinião emitida por ele. |
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b)
tenta mostrar um argumento oposto ao seu. |
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c)
indica a necessidade de criar interesse pela leitura do texto. |
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d)
mostra a preocupação de ser juridicamente perfeito. |
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e)
demonstra a necessidade de textos informativos apoiarem‐se em fatos. |
“...espantoso, mesmo, é que os detentos enjaulados...”.
O vocábulo “mesmo” foi colocado entre vírgulas com a intenção de
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a)
confirmar um dado anterior. |
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b)
indicar uma dúvida na enunciação. |
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c)
intensificar o valor do adjetivo “espantoso”. |
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d)
ironizar a situação dos presos. |
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e)
apoiar a reação da opinião pública. |
Assinale a alternativa que mostra dois adjetivos de valor subjetivo.
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a)
Opinião pública / memorável jurista. |
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b)
Memorável jurista / detentos enjaulados. |
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c)
Detentos enjaulados / condições subumanas. |
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d)
Condições subumanas / memorável jurista. |
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e)
Opinião pública / detentos enjaulados. |
“O que sobra fica amontoado em celas fétidas, sujeito à disseminação de doenças e, o que é pior, a mais violência. Como é possível imaginar que um ser humano se adapte a tais condições?”.
Esse segmento do segundo parágrafo do texto mostra
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a)
um questionamento dirigido aos presos do sistema carcerário. |
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b)
o posicionamento crítico de Evandro Lins e Silva. |
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c)
uma explicação da “ironia” citada anteriormente. |
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d)
a posição de um jurista apoiada pelo autor do texto. |
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e)
a visão do autor do texto em face da política penitenciária. |
“Lins era um humanista por excelência e sempre achou equivocada a política penitenciária. Não havia ironia no que disse. Com mais de 500 mil presos, o sistema atual tem capacidade para receber pouco mais de 300 mil. O que sobra fica amontoado em celas fétidas, sujeito à disseminação de doenças e, o que é pior, a mais violência”.
Assinale a alternativa em que o vocábulo sublinhado tem seu sinônimo ou explicação indicada de forma equivocada.
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a)
humanista / pessoa que se preocupa fundamentalmente com os valores humanos. |
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b)
por excelência / de extrema qualidade. |
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c)
ironia / zombaria, sarcasmo. |
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d)
fétidas / que exalam mau cheiro. |
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e)
disseminação / ato ou efeito de propagar. |
A pergunta final do segundo parágrafo
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a)
dirige‐se prioritariamente aos juristas e legisladores. |
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b)
volta‐se para os políticos e autoridades de nível federal. |
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c)
não supõe qualquer tipo de resposta. |
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d)
é encaminhada especificamente ao leitor do texto. |
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e)
questiona diretamente os diretores de presídios. |
Ao dizer que o Estado fica livre “para varrer a sujeira tapete abaixo”, o autor do texto critica, nas autoridades do Estado
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a)
a impunidade. |
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b)
a hipocrisia. |
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c)
a insensibilidade. |
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d)
a crueldade. |
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e)
a negligência. |
A frase “varrer a sujeira tapete abaixo” está mal formulada.
Assinale a alternativa que apresenta a frase adequada.
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a)
Varrer a sujeira para debaixo do tapete. |
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b)
Varrer a sujeira tapete embaixo. |
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c)
Varrer abaixo a sujeira do tapete. |
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d)
Varrer embaixo a sujeira do tapete. |
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e)
Varrer para baixo a sujeira do tapete. |