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Informações da Prova Questões por Disciplina Câmara Municipal de Patrocínio - MG (Câmara Municipal de Patrocínio) - Controlador Interno - UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) - 2020

Língua Portuguesa

Texto I

INSTRUÇÃO: Leia o texto I a seguir para responder à questão.

TEXTO I

Para o futuro chegar mais rápido

É verdade: 15% de mulheres no Congresso é uma cifra constrangedora, e coloca o Brasil no rodapé dos rankings globais de participação feminina na política.
Mas é motivo de orgulho o aumento de 50% registrado nas últimas eleições. [...]

Estaremos avançando? Na verdade, há bem pouco a se celebrar.

Se seguirmos no ritmo atual, ainda serão necessários 108 anos para que o mundo alcance a igualdade de gênero. A previsão – a maldição – é do Global Gender Report, estudo anual do Fórum Econômico Mundial. É uma projeção que precisa ser lida como um compêndio gigantesco de corpos estuprados – perto de 500.000 por ano só no Brasil, diz o IPEA –, de meninas sem acesso à educação básica, de barrigas de grávida em corpinhos ainda em formação, de noivas que deveriam estar brincando – de boneca ou de carrinho.

Cento e oito anos é muito tempo. É tempo demais. Mas há uma nova força entrando no tabuleiro. Uma palavra cujo novo significado ainda não foi compreendido pela geração que hoje está no poder: meninas.

Desde 2012, por iniciativa da ONU, 11 de outubro é o Dia Internacional da Menina. É uma palavra em transição, menina. Uma busca pelo termo no Google
Images revela um sem fim de garotinhas maquiadas, quase sempre sozinhas e em um jogo de sedução com a câmera. Nada poderia estar mais distante do que vejo.

Sou a coordenadora nacional do Girl Up, um movimento global da Fundação ONU que treina, inspira e conecta meninas para que sejam líderes na mudança em direção a um mundo melhor, aqui definido pelos 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável da ONU. Se você está entre aqueles para quem o termo menina denota condescendência, permita-me contar o que elas andam aprontando.

Lia tem 16 anos e um dia me procurou com um contato dentro da Globosat na mão. Era Copa do Mundo e ela, que lidera o primeiro Clube Girl Up da capital fluminense, queria fazer um evento para algumas dezenas de meninas. Meia hora de Skype para pensar com ela o teor da reunião: foi tudo que ofereci. Os adultos da Globosat devem ter ficado embasbacados – como ficam os adultos que ainda não entenderam do que elas são capazes – quando um par de meninas sentou à sua frente para negociar os detalhes de uma tarde que envolveu tour pelos estúdios, jogo da Copa no telão da sede e bate-papo com Glenda Kozlowski, uma das maiores jornalistas esportivas do país.

Maria Antônia, 18 anos. Dinheiro da família para sair do país, nem em sonho. Assim mesmo, enfiou na cabeça que iria no Congresso de Liderança do Girl Up, que todos os anos reúne cerca de 400 meninas dos cinco continentes em Washington. Contando com uma rede enorme – elas aprendem cedo o poder das redes – Maria Antônia, idealizou e liderou o crowdfunding que viabilizou sua ida. Em setembro esteve entre os 78 estudantes selecionados para participar do Parlamento Jovem Brasileiro, sentando-se na cadeira da Presidência da Câmara.

Bruna, também 18. Me ligou em abril pra contar que havia agendado uma audiência pública na Câmara Municipal de Goiânia para discutir denúncias de assédio no ambiente escolar. O Clube que ela fundou na cidade tem particular interesse por advocacy, e essas meninas cavaram sozinhas o apoio da vereadora Dra. Cristina, que encampou o plano do Clube.

A Marina eu conheci no fim de agosto, quando ela nos procurou pelo Instagram pra falar de seu projeto. Ela preencheu com absoluta facilidade os requisitos que me permitiram justificar, à matriz americana do Girl Up, a viagem a São João Evangelista, cidadela de 14.000 habitantes a seis horas de ônibus ao norte de Belo Horizonte. Marina agendou visitas em cinco escolas públicas da região. Uma delas – a escola onde a Marina estudou – fica na zona rural. Ela tem 18 anos e a rotina espartana começa todos os dias às 3 da manhã com o estudo do inglês.

A diferença na renda familiar entre as quatro meninas é abismal. A cor da pele não é a mesma, e enquanto uma delas vive em um dos metros quadrados mais caros do país, outra não tinha energia elétrica em casa até cinco anos atrás. Mas não acredite nas imagens do Google: elas não estão sozinhas.

Lia, Maria Antônia, Bruna e Marina se conhecem e estão em um grupo de WhatsApp onde trocam informações sobre processos seletivos de universidades no exterior, um sonho partilhado pelas quatro. E elas são muitas, muito mais do que eu poderia contar. Quando garantimos às meninas uma vida livre de violências e asseguramos seus direitos básicos, todo o potencial que por séculos esteve enterrado aflora, originando um ciclo virtuoso benéfico para todos nós.

É hora de atualizar o navegador. A sueca de 16 anos que pode se tornar a pessoa mais jovem da História a ser laureada com o Nobel da Paz, se realizar o feito, ocupará o posto que hoje é de outra menina. Greta Thunberg e Malala não são exceções: são expoentes de uma onda poderosa, inteligente, conectada e crescente. Meninas: são elas a força capaz de acelerar os 108 anos que nos separam da igualdade de gênero.

Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/10/opinion/1570715827_082487.html>. Acesso em: 14 out. 2019.

1 -

O objetivo principal desse texto é

a) relatar experiências positivas de meninas empreendedoras brasileiras que possuem as mesmas habilidades de meninos.
b) apresentar uma nova geração de meninas brasileiras e suas ações com habilidades para igualar as condições de gênero.
c) discutir soluções para o problema de diferenças gritantes de gênero por meio de exemplos de meninas brasileiras.
d) denunciar criminalmente as diferenças de gênero, bem como as consequências violentas que elas geram nas meninas.
2 -

Assinale a alternativa que apresenta, entre parênteses, comentário incorreto acerca da opinião apresentada pela autora.

a) “Nada poderia estar mais distante do que vejo.” (Referência às imagens de meninas estereotipadas apresentadas pelo navegador em comparação com as experiências atuais da autora em relação ao tema.)
b) “É hora de atualizar o navegador.” (Referência à visão preconceituosa que o navegador da internet faz de meninas, motivado pela desigualdade de
gêneros também presente na internet.)
c) “[...] permita-me contar o que elas andam aprontando.” (Referência às ações das meninas relatadas no texto, que estiveram em contato com a autora.)
d) “Mas não acredite nas imagens do Google: elas não estão sozinhas”. (Referência à capacidade de as meninas se reunirem em rede, diferentemente
da imagem de solitárias encontradas em busca na internet.)
3 -

Assinale a alternativa em que a autora defende a liberdade e a igualdade de escolha para as meninas.

a) “[...] de meninas sem acesso à educação básica, de barrigas de grávida em corpinhos ainda em formação, de noivas que deveriam estar brincando – de boneca ou de carrinho.”
b) “O Brasil, quarto no ranking mundial de casamentos infantis, aprovou em março deste ano lei que proíbe o casamento de menores de 16 anos em qualquer circunstância.”
c) “Desde 2012, por iniciativa da ONU, 11 de outubro é o Dia Internacional da Menina.”
d) “A diferença na renda familiar entre as quatro meninas é abismal.”
4 -

Assinale a alternativa cujo pronome em destaque incluiu no discurso da autora as quatro meninas apresentadas no texto.

a) “[...] todo o potencial que por séculos esteve enterrado aflora, originando um ciclo virtuoso benéfico para todos nós.”
b) “Se você está entre aqueles para quem o termo menina denota condescendência [...]”
c) “[...] quando ela nos procurou pelo Instagram pra falar de seu projeto.”
d) “[...] muito mais do que eu poderia contar.
5 -

A autora lança mão de um recurso recorrente nesse texto, que é apresentar o tema após discorrer sobre ele.

Assinale a alternativa em que esse recurso não foi utilizado.

a) “É uma palavra em transição, menina.”
b) “Uma palavra cujo novo significado ainda não oi compreendido pela geração que hoje está no poder: meninas.”
c) “Meninas: são elas a força capaz de acelerar os 108 anos que nos separam da igualdade de gênero.”
d) “A sueca de 16 anos que pode se tornar a pessoa mais jovem da História a ser laureada com o Nobel da Paz, se realizar o feito, ocupará o posto que hoje é de outra menina. Greta Thunberg e Malala [...]”
6 -

Assinale a alternativa que apresenta a palavra que não substitui corretamente os dois pontos utilizados no período a seguir.

Meia hora de Skype para pensar com ela o teor da reunião: foi tudo que ofereci.

a) pois
b) já que
c) uma vez que
d) à medida que
7 -

Assinale a alternativa em que não foi utilizada expressão metafórica.

a) “Assim mesmo, enfiou na cabeça que iria no Congresso de Liderança do Girl Up [...]”
b) “É verdade: 15% de mulheres no Congresso é uma cifra constrangedora [...]”
c) “[...] todo o potencial que por séculos esteve enterrado aflora [...]”
d) “Mas há uma nova força entrando no tabuleiro.”
8 -

Considerando as regras de pontuação das orações adjetivas, assinale a alternativa que apresenta, entre parênteses, comentário correto a respeito do sentido
produzido pelo uso da vírgula.

a)

“O Clube que ela fundou na cidade tem particular interesse por advocacy [...]”

(O não uso da vírgula antes do pronome “que” indica que há outros clubes além do clube fundado por ela.)

b)

“[...] essas meninas cavaram sozinhas o apoio da vereadora Dra. Cristina, que encampou o plano do Clube.”

(O uso da vírgula antes do pronome “que” indica que Dra. Cristina, juntamente com outras pessoas, apoiou o Clube.)

c)

“Ela preencheu com absoluta facilidade os requisitos que me permitiram justificar junto à matriz americana do Girl Up a viagem a São João Evangelista [...]”

(O não uso da vírgula antes do pronome “que” indica que os requisitos são os únicos utilizados pela autora em todos os seus trabalhos no Girl Up.)

d)

“Assim mesmo, enfiou na cabeça que iria no Congresso de Liderança do Girl Up, que todos os anos reúne cerca de 400 meninas dos cinco continentes em Washington.”

(O uso da vírgula antes do pronome “que” indica que apenas um dos Congressos de Liderança do Girl Up consegue reunir todos os anos 400 meninas de cinco continentes.)

9 -

Releia este trecho.

“Bruna, também 18. Me ligou em abril pra contar que havia agendado uma audiência pública na Câmara Municipal de Goiânia para discutir denúncias de assédio no ambiente escolar.”

Assinale a alternativa que apresenta explicação correta sobre esse trecho.

a) Alguém agendou a audiência antes de Bruna, que ligou para avisar a autora do texto sobre o agendamento.
b) Alguém agendou a audiência ao mesmo tempo que Bruna, que ligou para avisar a autora do texto sobre o agendamento.
c) O agendamento da audiência aconteceu antes de Bruna ligar para a autora do texto, ligação que ocorreu antes da produção do texto.
d) O agendamento da audiência aconteceu no mesmo momento em que Bruna ligava para a autora do texto.
10 -

Assinale a alternativa em que o uso da crase ocorreu em decorrência de regência de palavra de classe gramatical diferente das demais.

a) “[...] quando um par de meninas sentou à sua frente para negociar os detalhes de uma tarde [...]”
b) “Ela preencheu com absoluta facilidade os requisitos que me permitiram justificar à matriz americana do Girl Up a viagem a São João Evangelista [...]”
c) “Quando garantimos às meninas uma vida livre de violências e asseguramos seus direitos básicos [...]”
d) “[...] de meninas sem acesso à educação básica, de barrigas de grávida em corpinhos ainda em formação [...]”

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