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Informações da Prova Questões por Disciplina Câmara Municipal de Piumhi - MG (Câmara Municipal de Piumhi - MG) - Controlador Interno - FACEPE (Facepe Concursos) - 2019

Língua Portuguesa

Texto I

Curiosamente, viver abaixo do nível do mar explica o etos igualitarista dos holandeses. As tempestades e enchentes que se abateram sobre a Holanda nos séculos XV e XVI incutiram no povo o senso do propósito comum. O menino que tapou com o dedo o furo no dique nunca existiu. Cada cidadão tinha de contribuir para manter o país seco, carregando pesados sacos de
argila no meio da noite se um dique estivesse prestes a ruir. Uma cidade podia ser totalmente engolida pelas águas num átimo. Quem pusesse o status acima do dever era malvisto. Mesmo hoje em dia, a monarquia holandesa é ambivalente na questão da pompa e circunstância. Uma
vez por ano, a rainha anda de bicicleta e serve chocolate quente a seus criados para mostrar que é do povo.

A natureza das hierarquias é culturalmente variável. Abrange toda a gama que vai da formalidade militar germânica e as nítidas divisões de classe britânicas às atitudes desencontradas e apreço pela igualdade dos americanos. No entanto, por mais informais que sejam algumas culturas, nada se compara à negação de status naqueles que os antropólogos
chamam de “verdadeiros igualitaristas”. Estes vão muito além de ter uma rainha ciclista ou um presidente chamado Bill. A própria ideia de monarquia os deixa indignados. Refiro-me aos índios navajos, aos hotentotes, pigmeus mbuti, !kung san, inuítes e outros. Afirma-se que essas sociedades em pequena escala, povos caçadores-coletores, horticultores ou dedicados a outras ocupações, eliminam completamente as distinções de riqueza, poder e status, mantendo apenas as de gênero e as entre pais e filhos. A ênfase é na igualdade e no compartilhamento. Acredita-se que nossos ancestrais imediatos viveram desse modo por milhões de anos. Nesse caso, seriam
as hierarquias menos arraigadas do que supomos?

Houve um tempo em que os antropólogos viam o igualitarismo como um arranjo pacífico no qual as pessoas mostravam o que tinham de melhor, amando e valorizando umas às outras. Era um estado utópico em que leão e cordeiro, dizia-se, dormiam lado a lado. Não estou afirmando que tais estados estão fora de questão. De fato, noticiou-se que uma leoa nas planícies quenianas demonstrou afeição maternal por um filhote de antílope. Mas da perspectiva biológica eles são insustentáveis. Em algum momento, o auto-interesse erguerá sua hedionda cabeça: os predadores sentirão o estômago vazio e as pessoas brigarão pelos recursos. O igualitarismo não
se baseia em amor mútuo, e muito menos em passividade. É uma condição ativamente mantida que reconhece o universal desejo humano de controlar e dominar. Em vez de negarem o desejo de poder, os igualitaristas o conhecem bem demais. Lidam com ele todos os dias.

(DE WAAL, F. Eu, primata. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 96-97) 

1 -

O tema do texto define-se melhor na alternativa:

a)

Condições para a existência de uma sociedade igualitária.

b)

Diferenças políticas entre as sociedades antigas e as atuais

c)

Empecilhos para estabelecer a fraternidade entre os homens

d)

Diferenças entre comunidades humanas e grupos de animais.

2 -

A relação entre os dois primeiros períodos do texto é de:

a)

Causa/explicação.

b)

Concessão.

c)

Finalidade.

d)

Oposição.

3 -

Para o autor do texto, a atitude da rainha holandesa é:

a)

Decorrente de uma exigência feita pelos cidadãos.

b)

Coerente com a tradição igualitária de seu povo.

c)

Incoerente com a situação geográfica do país.

d)

Decorrente de um traço de personalidade.

4 -

O primeiro período do texto é composto. O trecho “viver abaixo do nível do mar” é uma:

a)

Oração principal.

b)

Oração subordinada adverbial.

c)

Oração subordinada substantiva subjetiva.

d)

Oração subordinada substantiva objetiva direta.

5 -

"O menindo que tapou com o dedo o furo no dique nunca existiu.” A personagem lendária é mencionada no texto como:

a)

Símbolo do heroísmo solitário.

b)

Metáfora do caráter nacional holandês.

c)

Referência à ingenuidade das crenças populares.

d)

Ironia a respeito do suposto igualitarismo holandês.

6 -

A expressão “verdadeiros igualitaristas” é empregada pelo autor com referência:

a)

A povos de hierarquia rígida.

b)

Ao povo norte-americano.

c)

Ao povo holandês.

d)

A povos primitivos.

7 -

“Cada cidadão tinha de contribuir para manter o país seco, carregando pesados sacos de argila no meio da noite se um dique estivesse prestes a ruir.” Sobre o emprego da vírgula nesse trecho, é correto afirmar que:

a)

Serve apenas para separar duras orações, não tendo relação com o sentido do enunciado.

b)

A vírgula foi empregada incorretamente, pois era desnecessária e não modifica o sentido do enunciado.

c)

Evita que a expressão “país seco” possa ser considerada sujeito da forma verbal “carregando”.

d)

Assinala uma pausa de ritmo, não tendo qualquer efeito sobre relações lógicas e de significado.

8 -

Quanto ao emprego de tempos verbais no primeiro parágrafo, é correto afirmar que:

a)

Consiste numa alternância confusa que dificulta o entendimento da tese do autor.

b)

Obedece ao propósito de relacionar o presente da Holanda a eventos históricos.

c)

Opõe presente e passado, de modo a sublinhar a notável evolução da mentalidade dos holandeses.

d)

Sublinha a descontinuidade entre as dificuldades do passado e o progresso atual da Holanda.

Texto II

Curiosamente, viver abaixo do nível do mar explica o etos igualitarista dos holandeses. As tempestades e enchentes que se abateram sobre a Holanda nos séculos XV e XVI incutiram no povo o senso do propósito comum. O menino que tapou com o dedo o furo no dique nunca existiu. Cada cidadão tinha de contribuir para manter o país seco, carregando pesados sacos de
argila no meio da noite se um dique estivesse prestes a ruir. Uma cidade podia ser totalmente engolida pelas águas num átimo. Quem pusesse o status acima do dever era malvisto. Mesmo hoje em dia, a monarquia holandesa é ambivalente na questão da pompa e circunstância. Uma vez por ano, a rainha anda de bicicleta e serve chocolate quente a seus criados para mostrar que é do povo.

A natureza das hierarquias é culturalmente variável. Abrange toda a gama que vai da formalidade militar germânica e as nítidas divisões de classe britânicas às atitudes desencontradas e apreço pela igualdade dos americanos. No entanto, por mais informais que sejam algumas culturas, nada se compara à negação de status naqueles que os antropólogos chamam de “verdadeiros igualitaristas”. Estes vão muito além de ter uma rainha ciclista ou um presidente chamado Bill. A própria ideia de monarquia os deixa indignados. Refiro-me aos índios navajos, aos hotentotes, pigmeus mbuti, !kung san, inuítes e outros. Afirma-se que essas sociedades em pequena escala, povos caçadores-coletores, horticultores ou dedicados a outras ocupações, eliminam completamente as distinções de riqueza, poder e status, mantendo apenas as de gênero e as entre pais e filhos. A ênfase é na igualdade e no compartilhamento. Acredita-se que nossos ancestrais imediatos viveram desse modo por milhões de anos.

Nesse caso, seriam as hierarquias menos arraigadas do que supomos?

Houve um tempo em que os antropólogos viam o igualitarismo como um arranjo pacífico no qual as pessoas mostravam o que tinham de melhor, amando e valorizando umas às outras. Era um estado utópico em que leão e cordeiro, dizia-se, dormiam lado a lado. Não estou afirmando que tais estados estão fora de questão. De fato, noticiou-se que uma leoa nas planícies quenianas demonstrou afeição maternal por um filhote de antílope. Mas da perspectiva biológica eles são insustentáveis. Em algum momento, o auto-interesse erguerá sua hedionda cabeça: os predadores sentirão o estômago vazio e as pessoas brigarão pelos recursos. O igualitarismo não se baseia em amor mútuo, e muito menos em passividade. É uma condição ativamente mantida que reconhece o universal desejo humano de controlar e dominar. Em vez de negarem o desejo de poder, os igualitaristas o conhecem bem demais. Lidam com ele todos os dias.

(DE WAAL, F. Eu, primata. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 96-97) 

9 -

Quanto à linguagem empregada pelo autor, é correto classificá-la como:

a)

Puramente conotativa.

b)

Predominantemente denotativa.

c)

Predominantemente conotativa.

d)

Equilibrada entre a conotação e a denotação.

10 -

No trecho “Em algum momento, o auto-interesse erguerá sua hedionda cabeça:”, ocorre a figura de linguagem:

a)

Metáfora.

b)

Hipérbole.

c)

Catacrese.

d)

Personificação.

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